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Entidades exigem mudanças na apuração da violência policial no RJ

Em cinco anos, 286 crianças e adolescentes foram atingidos por armas de fogo durante operações policiais
Na foto estão algumas camisetas expostas em evento no Rio com imagens das vítimas da violência policial no estado.

Na foto estão algumas camisetas expostas em evento no Rio com imagens das vítimas da violência policial no estado.

— Tomaz Silva /Agência Brasil

27 de fevereiro de 2024

Integrantes de movimentos sociais, defensores de direitos humanos, pesquisadores e familiares de vítimas da violência policial se reuniram para pedir mudanças na apuração dos casos no Rio de Janeiro. O encontro ocorreu no auditório do Ibase, na sede da Ação da Cidadania, em Gamboa, na capital fluminense.

A ação foi organizada pela plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil, com apoio das organizações filiadas ao Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e da Justiça Global.

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A iniciativa aconteceu após a resolução da Carta Compromisso com as Famílias Vítimas de Violência do Estado para as Autoridades, que resultou na Escuta Popular sobre a Letalidade Policial e seus Impactos nas Infâncias Negras.

“As polícias foram responsáveis por 35,4% da letalidade na região metropolitana do Rio de Janeiro nos últimos três anos — ou seja, mais de um terço das mortes violentas ocorridas foram decorrentes de ações policiais”, diz um trecho do documento.

A carta compromisso ainda reproduz números levantados pelo Instituto Fogo Cruzado, considerados alarmantes pelas entidades. “De julho de 2016 a julho de 2023, 286 crianças e adolescentes foram atingidos por armas de fogo durante operações policiais, resultando na morte de 112 e deixando outras 174 feridas.”

“O acirramento das operações policiais nas favelas e periferias do Rio de Janeiro tem gerado um cotidiano de mortes e violações de direitos, com o uso de um enorme aparato bélico colocando a vida de milhares de pessoas em risco, suspendendo o direito de ir e vir dos moradores, submetendo-os a invasões de casas, torturando e assassinando centenas de pessoas”, denuncia outro trecho da carta.

“Trata-se de um modelo baseado no uso da força, que promove, em nome de uma suposta “guerra ao tráfico”, inúmeras violações de direitos humanos a moradoras e moradores, sobretudo jovens e crianças das favelas do Estado”, reitera a declaração. 

O documento pede também a punição de policiais envolvidos em violações de direitos de moradores de periferias e favelas, o fortalecimento dos inquéritos, a apuração dos crimes e realização de perícias no local, além de reparações objetivas e financeiras e garantia de tratamento de saúde para parentes de vítimas de tais situações. 

“Ao nos tornarmos vítimas do Estado, nós, mães e familiares, não contamos com o apoio do Estado, que nos deve assistência psicossocial, reparação financeira e o acompanhamento das investigações dos casos”, enfatiza a Carta.

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  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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