Uma publicação do prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) Washington Quaquá causou forte repercussão política nesta quinta-feira (9). Quaquá compartilhou uma foto ao lado da esposa e dos filhos de Domingos Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018.
Na publicação, o dirigente afirmou não haver provas contra Domingos e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, ambos presos pelo caso.
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“Recebi aqui com muita dor no coração, mas muita consideração e solidariedade, a esposa e os filhos de Domingos Brazão”, escreveu Quaquá. Ele declarou já ter lido o processo e defendeu que “não há sequer uma prova contra eles”.
Reação de Anielle Franco e do PT
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, criticou duramente as declarações de Quaquá. Ela anunciou que questionará a postura do prefeito na comissão de ética do PT e repudiou a atitude, classificando-a como desrespeitosa.
“Inacreditável, depois de tudo o que a gente passou, ver pessoas se aproveitarem e usarem o nome da minha irmã sem qualquer responsabilidade. Minha família ainda chora todos os dias pelas nossas perdas e lutamos duramente para que a justiça começasse a ser feita“, disse Anielle.
Anielle também afirmou que Quaquá usa o caso de maneira “repugnante” e que sua posição diverge do partido e do governo. “Tirem o nome da minha irmã da boca de vocês”, concluiu.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também se manifestou, distanciando o partido das declarações de Quaquá. “O PT luta desde o primeiro momento para que a Justiça seja feita por Marielle e Anderson, com punição para todos os criminosos, e repudia as manifestações de caráter exclusivamente pessoal do prefeito Washington Quaquá sobre os réus e o processo”.
Resposta de Washington Quaquá
Em entrevista ao jornal O Globo, Quaquá rebateu as críticas da ministra, alegando que “não a conhece direito” e justificou sua postura com base em princípios socialistas. Ele reiterou que leu o processo e defendeu que acusações sem provas não devem ser feitas.
“O que eu postei hoje é que quero que os brutais assassinos da Marielle não tenham regalias e nem penas diminuídas. Tem muita gente que só ganhou notoriedade e construiu carreira a partir da morte de Marielle, que surfa nesse infeliz e brutal acontecimento. Eu não sou e nunca fui um desses”, declarou.
Quaquá ainda criticou setores da esquerda por, segundo ele, acusarem sem conhecimento de causa. “Tem gente na esquerda que nunca leu o processo e acusa as pessoas de culpadas. Tem um peso e duas medidas. Eu não ajo assim. É contra minha ética e meus princípios socialistas”.
Contexto do caso
Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, é apontado como mandante do assassinato de Marielle Franco. Seu irmão, Chiquinho Brazão, também está preso preventivamente sob suspeita de envolvimento no crime. Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros em março de 2018.