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Após ‘PL do Estupro’, novos projetos de lei visam endurecer legislação sobre aborto legal

Ao todo, cerca de 98 projetos que tramitam na Câmara representam algum tipo de retrocesso no aborto legal
A imagem mostra a fachada do Congresso Nacional, em Brasília.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

7 de agosto de 2024

Desde a apresentação do Projeto de Lei (PL) 1904/2024 que prevê pena de homicídio simples para pessoas que realizarem aborto legal  acima de 22 semanas de gestação, a Câmara dos Deputados recebeu cerca de 20 novas propostas sobre o tema. A maioria com o objetivo de endurecer a legislação existente.

Um levantamento realizado pelo Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) apontou que, ao todo, existem 98 propostas em análise que representam algum tipo de retrocesso na legislação sobre o aborto legal no Brasil.

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Entre as propostas, o PL 1152/2024, do deputado federal Messias Donato (Republicanos-ES), quer obrigar hospitais das redes pública e privada a notificar ocorrências de aborto ao Ministério da Saúde. O repasse deve conter o motivo do abortamento, a idade gestacional, informações sobre a mãe e o registro do médico responsável pelo procedimento.

Já a proposta de lei 2499/2024, de autoria do deputado Coronel Meira (PL-PE), determina que hospitais, clínicas, unidades básicas de saúde e profissionais da área devem notificar a polícia sobre casos de interrupção de gestação decorrente de casos de estupro. O projeto se assemelha a uma portaria de 2020, do governo Bolsonaro, revogada no início de 2023.

Ambas propostas foram criticadas por organizações de defesa dos direitos da mulher. A preocupação é que exigir o registro da ocorrência para acessar o procedimento legal de aborto pode afastar as pessoas que temem as consequências de uma eventual denúncia.

Entre as proposições, o PL sugerido pelo deputado federal Alex Santana (Republicanos-BA) quer oferecer exames de imagens para que gestantes possam visualizar o batimento cardíaco do feto antes do procedimento de aborto legal, garantido em gestações resultantes de violência sexual.

“Há projetos que visam aumentar a pena para o aborto, que são os projetos punitivistas; há projetos que visam restringir o aborto legal, tentam retroagir com as prerrogativas; os que visam criar barreiras para o acesso ao aborto legal, demandando algum documento que não é necessário hoje; e os que visam passar desinformação sobre o aborto legal”, apontou a assessora técnica do Cfemea, Clara Wardi, á Agência Câmara de Notícias.

“PL do Estupro”

O PL 1404/2024, apresentado pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e outros 53 parlamentares, propõe punir as pessoas que realizarem o aborto após 22 duas semanas gestacionais com reclusão de seis a 20 anos, inclusive nos casos de gravidez resultante de estupro. A pena é equivalente ao crime de homicídio simples.

A medida também sugere penalizar a pessoa ou o médico que provocar o aborto com o consentimento da gestante, com reclusão de um a quatro anos. 

Como justificativa, o autor da proposta alega que “como o Código Penal não estabelece limites máximos de idade gestacional para a realização da interrupção da gestação, o aborto poderia ser praticado em qualquer idade gestacional, mesmo quando o nascituro já seja viável”.

O PL chegou a ser colocado em regime de urgência na Câmara, o que permite que a tramitação do texto seja feita diretamente no Plenário, sem a necessidade de análise pelas Comissões. 

Mas, após reações negativas da população, de movimentos de defesa dos direitos humanos e parlamentares desfavoráveis a medida, uma comissão foi instaurada para discutir a proposta antes de ser apreciada no Plenário.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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