O professor e sociólogo Thiago Torres, conhecido como Chavoso da USP, foi condenado por difamação e injúria, após ser processado criminalmente pelo ex-prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa, o Guti (PSD), por criticar sua gestão. A sentença foi decretada nesta segunda-feira (28) pela juíza Patrícia Padilha, da 3ª Vara Criminal do Fórum da Comarca de Guarulhos.
Thiago foi condenado a dez meses e 15 dias de prisão em regime aberto, além do pagamento de multa, indenização e custas processuais que totalizam aproximadamente R$ 20 mil.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
O processo teve início após críticas feitas pelo sociólogo à decisão do ex-prefeito de extinguir a empresa Proguaru, responsável por serviços públicos na cidade. Em 2021, o então prefeito publicou o Decreto nº 38316 no Diário Oficial do Município, determinando o encerramento das atividades da empresa.
Entre os motivos alegados no decreto estavam a situação financeira da Proguaru, os maus resultados operacionais, o número significativo de reclamações registradas por moradores junto à Ouvidoria Geral do Município ou diretamente à Câmara Municipal de Vereadores, além da avaliação de inviabilidade de recuperação econômica da empresa.
No mesmo ano, a Câmara Municipal aprovou o projeto de extinção da empresa enviado pelo Executivo, resultando na demissão de aproximadamente 4,7 mil trabalhadores.
A decisão também foi criticada por entidades sindicais que classificaram a medida como precipitada. As organizações afirmaram que a decisão agravou a situação dos trabalhadores e que o fim da empresa deixaria a cidade “sem zeladoria, jogaria serviços essenciais nas mãos de terceirizadas e prejudicaria a qualidade de vida da população”.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Thiago conta que entre os trabalhadores estava sua mãe, que trabalhava como faxineira na empresa na época e foi demitida durante a pandemia.
Caso tramitou em segredo de justiça
Segundo o sociólogo, sua condenação representa uma tentativa de censura e perseguição política, motivada por sua atuação em defesa dos trabalhadores. Ele também afirmou que o processo tramitou em segredo de Justiça durante o período eleitoral, o que o impediu de se pronunciar publicamente sobre o caso.
Inicialmente, Guti havia processado Torres pelos crimes de calúnia e injúria. No entanto, de acordo com a decisão judicial, o sociólogo foi condenado por calúnia e difamação, que não correspondem ao processo inicial. A pena também inclui dez meses e 15 dias de prisão em regime aberto, além do pagamento de R$ 15 mil em indenização ao ex-prefeito, R$ 3 mil em multa e cerca de R$ 2 mil em custas processuais.
Diante da condenação e da negativa do benefício da justiça gratuita, o sociólogo lançou uma vaquinha online para arrecadar fundos destinados ao pagamento das custas judiciais, honorários de sua advogada e taxas para recorrer da decisão. A campanha já atingiu a meta de R$ 20 mil.