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Chavoso da USP é condenado por criticar ação de ex-prefeito de Guarulhos, que demitiu 4,7 mil trabalhadores

O sociólogo foi condenado por difamação e injúria após criticar o fechamento da empresa pública Proguaru, determinado pelo ex-prefeito Guti (PSD) em 2021
Gustavo Henric Costa, o Guti, ex-prefeito de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo.

Gustavo Henric Costa, o Guti, ex-prefeito de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo.

— Reprodução/PSD

29 de abril de 2025

O professor e sociólogo Thiago Torres, conhecido como Chavoso da USP, foi condenado por difamação e injúria, após ser processado criminalmente pelo ex-prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa, o Guti (PSD), por criticar sua gestão. A sentença foi decretada nesta segunda-feira (28) pela juíza Patrícia Padilha, da 3ª Vara Criminal do Fórum da Comarca de Guarulhos. 

Thiago foi condenado a dez meses e 15 dias de prisão em regime aberto, além do pagamento de multa, indenização e custas processuais que totalizam aproximadamente R$ 20 mil.

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O processo teve início após críticas feitas pelo sociólogo à decisão do ex-prefeito de extinguir a empresa Proguaru, responsável por serviços públicos na cidade. Em 2021, o então prefeito publicou o Decreto nº 38316 no Diário Oficial do Município, determinando o encerramento das atividades da empresa.

Entre os motivos alegados no decreto estavam a situação financeira da Proguaru, os maus resultados operacionais, o número significativo de reclamações registradas por moradores junto à Ouvidoria Geral do Município ou diretamente à Câmara Municipal de Vereadores, além da avaliação de inviabilidade de recuperação econômica da empresa.

No mesmo ano, a Câmara Municipal aprovou o projeto de extinção da empresa enviado pelo Executivo, resultando na demissão de aproximadamente 4,7 mil trabalhadores.

A decisão também foi criticada por entidades sindicais que classificaram a medida como precipitada. As organizações afirmaram que a decisão agravou a situação dos trabalhadores e que o fim da empresa deixaria a cidade “sem zeladoria, jogaria serviços essenciais nas mãos de terceirizadas e prejudicaria a qualidade de vida da população”.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Thiago conta que entre os trabalhadores estava sua mãe, que trabalhava como faxineira na empresa na época e foi demitida durante a pandemia.

Caso tramitou  em segredo de justiça 

Segundo o sociólogo, sua condenação representa uma tentativa de censura e perseguição política, motivada por sua atuação em defesa dos trabalhadores. Ele também afirmou que o processo tramitou em segredo de Justiça durante o período eleitoral, o que o impediu de se pronunciar publicamente sobre o caso.

Inicialmente, Guti havia processado Torres pelos crimes de calúnia e injúria. No entanto, de acordo com a decisão judicial, o sociólogo foi condenado por calúnia e difamação, que não correspondem ao processo inicial. A pena também inclui dez meses e 15 dias de prisão em regime aberto, além do pagamento de R$ 15 mil em indenização ao ex-prefeito, R$ 3 mil em multa e cerca de R$ 2 mil em custas processuais.

Diante da condenação e da negativa do benefício da justiça gratuita, o sociólogo lançou uma vaquinha online para arrecadar fundos destinados ao pagamento das custas judiciais, honorários de sua advogada e taxas para recorrer da decisão. A campanha já atingiu a meta de R$ 20 mil.

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