PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Com mais um corte, Tarcísio já tirou R$ 25,9 milhões das câmeras nas fardas de policiais

Novo corte da gestão do governador de São Paulo é de R$ 2,4 milhões; codeputada Simone Nascimento crítica decisão por minar políticas que reduzem violência contra jovens negros
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele usa um terno escura e fala ao microfone, atrás há uma bandeira do estado.

Foto: Reprodução/X

12 de dezembro de 2023

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decretou mais um reajuste no orçamento da segurança pública no estado. Com as novas alterações, mais R$ 2,4 milhões foram retirados do fundo destinado para o investimento em  câmeras nas fardas de policiais. Somados os cortes desde o início de 2023, ainda no primeiro mandato do governador, foram retirados R$ 25,9 milhões da iniciativa.

A mudança foi publicada no Diário Oficial, com um remanejamento de recursos de R$ 12,3 milhões, com a retirada de outros R$ 10,7 milhões de construção e reformas de quartéis. Em contrapartida, foi acrescentado R$ 10,7 milhões para equipamentos e materiais permanentes, recursos como mesas e computadores, com R$ 5,2 milhões para a Polícia Civil e cerca de R$ 2,5 para a Militar.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

A Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada para este ano, previa um valor de R$ 152 milhões para a iniciativa. O valor retirado até o momento representa cerca de 17% da quantia aprovada para o projeto. O contrato com a empresa fornecedora do equipamento tem data de validade para dezembro de 2023 e a expectativa é de que o contrato seja renovado.

O maior corte, de uma vez, feito pelo governador ocorreu em 4 de outubro, quando foram retirados R$ 15,2 da iniciativa. No mês seguinte, em 24 de novembro, Tarcísio de Freitas retirou mais R$ 8,5 milhões do projeto.

A codeputada da Bancada Feminista (PSOL-SP), Simone Nascimento, crítica a decisão do governador por contrariar políticas que têm reduzido a letalidade contra jovens, a maioria negros, no estado paulista.

“As políticas públicas que os governantes escolhem fazer dizem respeito a suas visões sobre a sociedade. Se a letalidade policial estava em queda com o uso das câmeras nos uniformes polícias e o governado Tarcísio  e seu secretário Derrite escolhem ir na contramão dessa redução do genocídio contra o povo negro, eles estão  escolhendo, deliberadamente,  que São Paulo volte a bater números recordes de morte nas periferias e favelas. Estão operando uma política de morte”.

O governador de SP Tarcísio de Freitas e o secretário estadual de segurança pública Guilherme Derrite. Foto: Divulgação

Câmeras nas fardas dos policiais contribuíram com redução da letalidade

Pesquisa publicada pela Unicef e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) demonstrou que, desde a adoção das câmeras nas fardas dos policiais, houve uma redução 62,7% das mortes causadas por policiais no estado de São Paulo.

Apesar da permanência das câmeras, houve um aumento da letalidade policial no estado desde a posse de Tarcísio de Freitas. Os números apontam para 106 mortes em decorrência de ação policial entre julho e setembro de 2023, contra 56 no mesmo período em 2022, dados que apontam para um crescimento de 86%.

Entre os marcos da gestão Tarcísio de Freitas está a Operação Escudo, em que 28 pessoas foram mortas, depois de uma ação policial na Baixada Santista, litoral sul, em decorrência da morte do policial da Rota, Patrick dos Reis.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano