Na manhã da segunda-feira (25), os deputados da Bancada Negra gaúcha, Matheus Gomes (Psol-RS) e Bruna Rodrigues (PCdoB-RS), realizaram uma reunião na sede central do Banco do Brasil, em Brasília, para cobrar ações de reparação ao povo negro. O encontro surge em meio a um contexto em que o Banco do Brasil tem sido apontado por seu envolvimento histórico com os crimes cometidos contra pessoas negras durante a escravidão no Brasil, conforme apontado pela Alma Preta.
Segundo relatos, a instituição teria sido diretamente ligada aos abusos contra a população negra ao longo do século XIX, levando grupos como a Uneafro Brasil a exigir uma reparação financeira significativa, estimada em R$ 1,4 trilhão, pelos danos causados.
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Atualmente, os deputados coordenam uma Comissão Especial na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para analisar a situação econômica da população negra do estado. Esse trabalho visa produzir um retrato financeiro e social dos gaúchos negros, além de indicar políticas públicas a serem implementadas pelo poder público e pela iniciativa privada.
Durante a reunião, representantes da Gerência Executiva de Direitos Humanos, Equidade e Inclusão do Banco do Brasil afirmaram que a instituição ainda não definiu se aderirá ao plano de reparações discutido pelo Grupo de Trabalho Interministerial, encarregado de elaborar a Política Nacional de Direitos Humanos e Empresas, composto pelos Ministérios da Igualdade Racial e de Direitos Humanos e Cidadania.
Foram destacadas as medidas internas tomadas pelo Banco do Brasil para a inclusão de pessoas negras em cargos de liderança, que devem chegar aos 30% até 2025, bem como o incentivo ao fomento do empreendedorismo de mulheres negras por meio de editais e a adoção de práticas antirracistas entre os fornecedores do banco.
Os deputados da Bancada Negra argumentam que essas ações não constituem políticas de reparação efetivas. Para Matheus Gomes, “isso vai além de concessão de crédito a uma população negra já muito endividada e sem poupanças nem heranças; também supera políticas pontuais e significaria realmente comprometer o banco com ações estruturais de combate ao racismo, a partir das constatações sobre a relação entre o tráfico de africanos escravizados e o capital inicial da instituição”.
Ele também ressaltou a disparidade de tratamento entre o processo imigratório no Rio Grande do Sul, destacando que enquanto a imigração alemã recebeu amplo apoio do Estado brasileiro, o povo negro enfrentou uma “liberdade sem asas” após a abolição da escravidão, como citado pelo poeta Oliveira Silveira.