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Douglas Belchior: “O movimento negro tem que ser a direção política do campo popular”

Com mais de 20 anos de ativismo, o candidato a deputado federal pelo PT destaca que a articulação de candidaturas negras pelo país é essencial para o enfrentamento ao fascismo 

Imagem: Divulgação

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29 de setembro de 2022

Com mais de 20 anos de ativismo e luta dentro dos movimentos populares e negro, o candidato a deputado federal em São Paulo, Douglas Belchior (PT-SP), propõe pautar o Congresso Nacional com temas que atravessam a vida da população negra brasileira, como o acesso a educação, o combate ao racismo e a fome e por um novo modelo de segurança pública.

Dentro da política institucional, essa é a terceira vez que Belchior se lança como candidato ao legislativo federal. Para o candidato, neste ano, a articulação de candidaturas negras pelo país é essencial para o enfrentamento ao fascismo e na construção de um novo futuro para o movimento negro.

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“O movimento negro tem que ser a direção política do campo popular e progressista. Daqui para frente, essa é a nossa tarefa. Daí também a importância de uma candidatura como a minha. Nós temos que ganhar essa eleição para poder disputar esse lugar. Para a gente não ser obrigado a ser dirigido por mais 40 anos por lideranças brancas, que dirigem as organizações que têm a base social toda preta”, diz o candidato à Alma Preta Jornalismo.

Historiador e professor, Douglas Belchior também é membro da Coalizão Negra Por Direitos, principal aliança nacional de movimentos negros que reune mais de 300 organizações e entidades. Neste ano, a Coalizão lançou a iniciativa “Quilombo dos Palmares”, com a proposta de eleger parlamentares negros vinculados com as lutas antirracistas.

Com histórico de ativismo no movimento estudantil, na luta da juventude negra e na organização de cursinhos populares, Douglas Belchior espera levar ao Congresso nacional propostas para criação de um plano nacional de educação antirracista, como o fortalecimento da Lei 10.639, que inclui o ensino da cultura afro-brasileira no currículo escolar.

Além disso, o candidato também pretende ampliar as políticas de cotas pelo país e construir leis para a valorização dos profissionais da educação.

“A minha trajetória foi marcada pela organização dos movimentos de cursinhos populares e comunitários, da luta da juventude negra para acessar a universidade pública, para se preparar para concursos públicos. Então, a oportunidade de melhoria de vida pela educação, pelo acesso à universidade, pelo letramento, pela especialização e pelo acesso ao mercado de trabalho”, destaca.

Um dos temas de destaque da campanha do candidato é a discussão sobre o modelo de segurança pública no país. Segundo Belchior, também é preciso discutir o papel da polícia, da Lei de Drogas e do encarceramento em massa no país.

“É um debate que a gente vai levar a frente, sabendo que a própria esquerda brasileira tem muita dificuldade em discutir segurança pública. Nós temos que discutir a regulação da Lei de drogas. Nós temos que legalizar e regulamentar a drogas no Brasil, porque isso é a justificativa para a ação violenta da polícia”, ressalta.

À reportagem, o candidato Douglas Belchior avalia que o movimento negro brasileiro vive um momento de salto organizativo do ponto de vista da organização política, da elaboração de proposta para o país e de disputa institucional.

“A minha candidatura precisa, aqui em São Paulo, entregar esse mandato para o movimento porque diz respeito a um ciclo que a gente precisa concluir. A gente organiza um movimento há muitos anos. Eleição para nós nunca foi um fim, sempre foi um meio. A gente nunca fez movimento para disputar eleição. A gente sempre disputou eleição para fortalecer o movimento”, comenta.

Ao analisar o cenário das eleições de 2018, Belchior avalia que o campo progressista cometeu erros ao se aliar com os setores da direita histórica brasileira e que após o golpe da ex-presidente Dilma, em 2016, criou-se condições para o avanço do fascismo no país, que resultou na eleição de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.

Segundo Belchior, é preciso garantir os espaços na disputa eleitoral deste ano para reparar o que foi passado e retomar direitos históricos da população negra.

“Fizemos uma grande bobagem, apostamos onde não devia. Construímos condições muito piores do que as que existiam antes e temos que botar a bola em jogo de novo. Não que isso para nós, povo negro, signifique muita coisa, mas sem dúvida nenhuma a gente vive uma radicalização do processo histórico de genocídio, de negação de direitos, de precarização de serviços públicos, de violência contra o nosso povo”, avalia.

Assista a entrevista:

Leia mais: PT assume o compromisso de eleger Douglas Belchior em 2022

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