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Ex-ministro da Saúde, Pazuello obrigou soldado negro a puxar carroça no lugar de cavalo

A humilhação aconteceu quando o general comandava um depósito de munições do Exército, no Rio de Janeiro; vítima disse à jornal que acredita ter sido vítima de racismo

Texto: Redação | Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante entrevista ao programa Brasil em Pauta.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante entrevista ao programa Brasil em Pauta.

— O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante entrevista ao programa Brasil em Pauta.

31 de maio de 2021

O ex-ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pzzuelo, obrigou um soldado negro a substituir um cavalo e puxar uma carroça na época em que comandava o Depósito Central de Munições do Exército, em Pacarambi, no Rio de Janeiro. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo deste domingo (30), a situação ocorreu em 2005 quando dois soldados conduziam uma carroça em alta velocidade e o então tenente-coronel considerou que eles estavam maltratando o animal. Pazuello mandou parar, soltar o cavalo e ordenou que um deles, o soldado Carlos Vítor de Souza Chagas – um rapaz negro e evangélico de 19 anos – substítuisse o animal.

Carlos, que teve de puxar a carroça com o outro soldado em cima enquanto o quartel ria da humilhação, afirmou ao jornal que acredita ter sido vítima de racismo. “Pelo meu tio eu botava para frente (na Justiça), mas eu dei mais ouvido ao meu pai, que é evangélico, por medo de represália. Isso aí agora está nas mãos de Deus, Ele é o Senhor de todas as coisas.”, declarou.

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Na época, Pazuello respondeu a um inquérito policial militar (IPM), que apurou sua conduta em relação ao soldado. Na investigação, o recruta Celso Tiago da Silva Gonçalves, que estava junto com o que foi humilhado, afirmou que estava com uma lesão no ombro e por isso “não poderia cumprir a ordem de puxar a carroça”.

Em sua defesa, o agora ex-ministro afirmou que tratava os subordinados com “seriedade e dignidade” e usou depoimentos de outros militares para atestar que não se tratou de maus-tratos. Defensores do então tenente-coronel disseram ainda que Pazuello quis apenas orientar o soldado “para a preservação da boa saúde dos cavalos de tração utilizados na OM (organização militar)”.

Leia também: Quem vota em quem: Entenda a importância do recorte racial nas pesquisas eleitorais

Por sua conduta, atualmente Pazuello é alvo de outra denúncia na Procuradoria Militar. O regimento militar proíbe integrantes de participarem de ato político ou partidário, como o que o ex-ministro participou com o presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, neste mês de maio. Na ocasião, ele estava sem máscara de proteção contra a Covid-19, o que foi visto por senadores que compõem a CPI da Covid como uma provocação.

O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu publicamente que Pazuello sofra algum tipo de sanção. Entre as possíveis sanções, está a passagem dele para a reserva, mas Bolsonaro tenta livrá-lo de qualquer sanção. Conforme noticiado pelo Congresso em Foco, o presidente da República já conversou com o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira para que seu ex-ministro não seja punido.

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