O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o vice-prefeito Mello Araújo (PL) assumiram na quarta-feira (1º) o novo mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. Durante a cerimônia de posse, também foi oficializada a nomeação de Orlando Morando, ex-prefeito de São Bernardo do Campo, como secretário de Segurança Urbana da capital paulista.
A escolha de Morando, anunciada por Nunes no dia 27 de dezembro de 2024, gerou reações negativas de organizações sociais, incluindo a Uneafro Brasil, que manifestou “profundo repúdio” à nomeação.
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A organização do movimento negro já havia denunciado o político ao Fórum Permanente sobre Afrodescendentes da Organização das Nações Unidas (ONU), acusando-o de práticas de racismo institucional durante sua gestão em São Bernardo do Campo.
Histórico de racismo institucional
Orlando Morando foi denunciado à ONU por ações consideradas discriminatórias durante sua gestão em São Bernardo do Campo, onde governou por dois mandatos.
Entre as acusações está o desmonte de serviços públicos voltados à população negra, como o despejo do Projeto Meninos e Meninas de Rua, que atendia crianças em situação de vulnerabilidade.
A Uneafro também apontou a retirada de aulas de capoeira das escolas, a falta de condições para implementar o ensino de história africana e indígena nas instituições de ensino e a supressão de manifestações culturais em espaços públicos, como a Batalha da Matrix, tradicional evento de rap e cultura urbana no centro da cidade.
Em resposta às acusações, Morando processou dois membros da Uneafro por calúnia e difamação, mas perdeu em duas instâncias, com a última decisão sendo proferida em novembro de 2024.
Críticas à nomeação
Débora Dias, coordenadora da Uneafro, criticou a escolha de Orlando Morando para a Secretaria de Segurança Urbana de São Paulo, destacando a necessidade de gestores com entendimento técnico e político para lidar com a complexidade das dinâmicas de segurança em uma sociedade marcada por desigualdades estruturais.
“A Uneafro entende que o Orlando Morando não reúne nem prerrogativas técnicas, muito menos políticas, para estar à frente da Secretaria de Segurança Urbana. O tema da segurança pública demanda gestores que compreendam as desigualdades raciais, de gênero e de classe que permeiam nossa sociedade”, afirmou Dias ao Brasil de Fato.