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Povos indígenas defendem a criação de uma universidade própria

Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais se reuniram na última semana para discutir o assunto; representante do MEC afirmou que deve apresentar proposta em 60 dias
A imagem mostra pessoas indígenas da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais, em sessão da Câmara dos Deputados

Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

19 de dezembro de 2023

Durante uma audiência pública da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), foram debatidas a criação de uma universidade indígena e políticas educacionais voltadas para os povos originários.

Rosilene Tuxá, coordenadora-geral de Educação Escolar Indígena do Ministério da Educação (MEC), anunciou que o ministro Camilo Santana determinou a constituição de um grupo de trabalho para a elaboração de um relatório técnico sobre a criação da instituição indígena. O grupo de trabalho responsável deverá apresentar, em 60 dias, uma proposta que passará por consulta pública junto às comunidades indígenas.

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“É importante que os professores indígenas participem desse processo de construção. Precisa ser um processo de construção coletiva, porque nós, povos indígenas, precisamos dizer que universidade nós queremos, qual é a nossa necessidade, qual é o nosso desafio com essa universidade”, disse Tuxá, durante sessão da Câmara.

O representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Alberto Terena, declarou que os povos indígenas estão plenamente preparados para a criação de uma universidade nos moldes de seus costumes e tradições: “Hoje, nós temos professores, nós temos mestres e nós temos doutores indígenas“, exemplificou.

O coordenador do Fórum Nacional da Educação Escolar Indígena, Gersen Baniwa, defendeu que, na sociedade complexa atual, a educação escolar é fundamental para o futuro indígena. Gerson ainda ressaltou a importância de compreender o mundo do ponto de vista político, cultural, intelectual, científico, técnico e tecnológico que a educação pode oferecer.

Racismo contra indígenas

De acordo com a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Lucia Alberta Andrade, o Brasil conta com aproximadamente 60 mil estudantes indígenas no ensino superior. No entanto, as instituições não estão preparadas para receber indígenas porque “o racismo é muito forte”.

“Nós precisamos, sim, avançar na discussão da universidade indígena. Não queremos uma universidade para nos separarmos, nos apartarmos dos outros povos que não são indígenas; nós queremos, sim, fortalecer os conhecimentos indígenas, e as universidades, como elas são desenhadas, organizadas hoje, não vão respeitar os nossos conhecimentos da forma como deveriam”, explicou, concluindo as falas.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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