Entre os mais conhecidos pelos eleitores afrodescendentes estão nomes como Leci Brandão (PC do B) e Paulo Paim (PT), e outros ligados ao movimento negro, como Márcio Black e Douglas Belchior
Texto / Pedro Borges
Imagem / Alma Preta
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Segundo a pesquisa Afrodescendentes e Política, 36% do eleitorado negro não conhece um político negro, enquanto 64% conhece. Para os participantes do estudo, o principal motivo para a ausência de políticos negros nos poderes executivo e legislativo é o racismo.
Entre os políticos recordados pelo público, Leci Brandão (PC do B) foi lembrada 23% das vezes, Paulo Paim (PT) 10%, e Benedita da Silva (PT) também 10%. Outros nomes, sem mandatos no legislativo ou executivo e ligados ao movimento negro, também foram citados, como Márcio Black (Rede), lembrado por 3% dos entrevistados, e Douglas Belchior (PSOL), por 2%.
A pesquisa também mostra que nas eleições de 2014, dos 1.600 políticos eleitos no Brasil, 76% são brancos, 21% são pardos e 3,1%, pretos. Pretos e pardos compõem o grupo racial negro, de acordo com o IBGE.
Segundo os entrevistados, o racismo é o principal motivo para a ausência de políticos negros (62%) e a falta de candidatos o segundo (40%). Na sequência, as justificativas apontadas pelos participantes do estudo são: a ausência de identificação com os partidos (14%), a falta de interesse da população em se candidatar (13%), falta de capacitação e competência (6%), não soube responder (5%), e outros motivos (1%).
Juninho Junior, presidente estadual do PSOL e integrante do Círculo Palmarino, diz que a ausência de políticos negros em cargos públicos é um reflexo das desigualdades históricas brasileiras e que os poderes, executivo e legislativo, representam as elites do país.
“Você tem um parlamento que é formato em 80% por homens brancos, representantes das elites, seja do agronegócio, seja do setor financeiro, da indústria, seja de qualquer outro segmento. Os demais grupos, mulheres, negros, indígenas, trabalhadoras, trabalhadores, são sub-representados nesses espaços”.
A pesquisa, realizada entre 17 e 27 de Novembro de 2017, foi feita na cidade de São Paulo. Foram ouvidos 1.607 eleitores nas diferentes regiões da cidade. 9% dos entrevistados moravam no centro, 16% na zona norte, 21% na leste, 24% na oeste e 30% na sul.
O nível de confiança do estudo é de 95%, com a margem de erro de 3%. A pesquisa foi quantitativa e entrevistou pretos e pardos, o que segundo o IBGE compõem o grupo racial negro, com mais de 16 anos de idade.