Olimpíadas 2024

Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Senado terá votação para tornar crime porte de qualquer quantidade de drogas

Comissão do Senado tenta barrar descriminalização, que está em julgamento no STF
Criminalizar o porte de maconha leva ao encarceramento de pessoas vulneráveis.

Foto: iStock/Getty Images

12 de março de 2024

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado votará nesta quarta-feira (13) uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que torna crime a posse e o porte de drogas no Brasil, independente da quantidade. A previsão é que o texto seja aprovado com uma maioria sólida.

A questão do porte de drogas também está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Até o momento, oito dos 11 ministros já votaram sobre o tema, com cinco votos a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal e três votos contra. A análise foi suspensa na semana passada após um pedido de vista do ministro Dias Toffoli. 

Os ministros que apoiam a descriminalização afirmam que o uso de pequenas quantidades de maconha é um direito individual, com consequências individuais à saúde dos usuários. Além disso, destacam que criminalizar o porte leva ao encarceramento de pessoas vulneráveis.

Em entrevista à Alma Preta, o historiador e cofundador da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Dudu Ribeiro, aponta que a discussão no STF ocorre graças ao trabalho do campo antiproibicionista, de organizações negras e intelectuais.

“O tema racial se tornou parte fundamental do debate sobre a política de drogas em Brasília.  É inescapável falar da descriminalização das drogas sem falar em como os impactos da descriminalização são desproporcionais na população negra brasileira”, explica.

Encarceramento 

Em 2022, havia 442.033 negros encarcerados no Brasil. A cifra representa 68,2% do total das pessoas presas. Esse é o maior percentual já registrado, conforme informações divulgadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O historiador pontua que, apenas estabelecer critérios objetivos, pode ter pouco impacto na vida da população negra se as medidas não contribuírem, de fato, para acabar com a guerra às drogas.

“A ideia de critérios objetivos em um cenário em que a maioria absoluta das condenações são feitas baseadas apenas na opinião do policial e não em provas periciais compromete a capacidade dessa decisão servir [descriminalizar o porte] para desmontar o encarceramento em massa nas guerras às drogas”, pontua.

Dados da pesquisa “Liberdade Negra Sob Suspeita: Pacto da Guerra às Drogas no Estado de São Paulo” também mostraram que pretos e pardos correspondem a 56% das pessoas detidas por tráfico pela polícia em patrulhamento (enquadros). 

Por outro lado, em operações que exigem investigação prévia e mandados judiciais, 63% dos detidos são brancos. Vale ressaltar que as pessoas negras representam 34,8% da população paulista, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“É fundamental aproveitar o debate para aprofundar nossas preocupações com o sistema de justiça como um todo e também da atuação das forças policiais”, conclui Dudu Ribeiro.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

Leia Mais

Quer receber nossa newsletter?

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano