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‘Vamos fazer história’, diz Eliete Paraguassu, 1ª quilombola eleita vereadora em Salvador

Pescadora e ativista, Eliete Paraguassu leva a voz das comunidades quilombolas e pescadores à Câmara Municipal da capital baiana
Imagem de Eliete Paraguassu, primeira vereadora quilombola eleita em Salvador, durante a campanha das eleições municipais de 2024.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

7 de outubro de 2024

Eliete Paraguassu, de 40 anos, fez história ao se tornar a primeira vereadora quilombola eleita em Salvador. Candidata pelo PSOL, Eliete conquistou 8.479 votos, garantindo seu lugar na Câmara Municipal pelo quociente partidário. Esse cálculo distribui as cadeiras legislativas entre os partidos de acordo com os votos válidos recebidos.

Nascida e criada na Ilha de Maré, Eliete também é marisqueira e pescadora, e se tornou uma importante voz na defesa dos direitos das comunidades tradicionais e das mulheres quilombolas. 

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Com mais de 30 anos de ativismo, ela integra movimentos como a Articulação Nacional das Pescadoras e a Coalizão Negra por Direitos, além de liderar lutas pela preservação ambiental e pelos direitos das comunidades pesqueiras da Bahia.

A trajetória de Eliete no ativismo começou por uma razão pessoal e urgente: sua filha foi uma das muitas crianças afetadas pela contaminação por metais pesados, como cádmio e mercúrio, nas águas da Ilha de Maré. Esse evento a impulsionou a aprofundar suas pesquisas e ações em defesa da saúde e do meio ambiente, inspirada por estudos como o da professora Neuza Miranda, que expôs a contaminação nas comunidades quilombolas e recebeu um prêmio em 2013 por sua pesquisa.

Após sua eleição, Eliete discursou emocionada, classificando sua vitória como um marco histórico para Salvador.

 “A gente vai fazer história nessa cidade. A campanha chega para dizer que existe pescador, quilombola, ilhas. É de uma mulher pescadora que sai da Ilha de Maré e ganha a cidade de Salvador. A gente rompeu a barreira do racismo ambiental que existe na cidade pelos governantes, a partir das águas com 46 mil pescadores que estão invisibilizados“, declarou Eliete.

Em entrevista recente à Alma Preta, a vereadora eleita diz que a principal pauta de seu mandato será o Bem Viver. “É uma pauta ambientalista que dialoga com a cultura tradicional, pesqueira e quilombola, que fala sobre saneamento básico e justiças sociais. Trata-se de uma luta por uma vida mais digna na cidade de Salvador, por uma sociedade menos adoecida, com trabalho digno”, diz Paraguassu, que ainda ressalta a necessidade de combater a fome, as injustiças sociais, a violência e a degradação ambiental.


Salvador abriga a segunda maior população quilombola do Brasil, com 15.897 pessoas segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Eliete, a sua eleição é um avanço e a tomada de um espaço de decisão e poder para a população negra da cidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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