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Vereadora do Recife afirma não reconhecer mulheres trans e travestis como “normais”

A fala de Michele Colins (PP) foi exposta por Dani Portela (PSOL), que usou suas redes sociais para expressar sua indignação com a reprovação de três emendas de combate à violência contra as mulheres com base na prerrogativa da vereadora evangélica, que foi acatada pela casa legislativa

Texto: Victor Lacerda / Edição: Lenne Ferreira / Imagem: Divulgação

Vereadora denuncia rejeição de emendas pela Câmara do Recife não reconhecer mulheres trans

8 de junho de 2021

A vereadora mais votada do Recife nas últimas eleições, Dani Portela (PSOL-PE), usou as redes sociais para divulgar a rejeição de três emendas que tratam do combate à violência contra mulheres. Em seu perfil oficial, a parlamentar denunciou a prerrogativa elencada pela vereadora Missionária Michele Collins, que afirma não reconhecer mulheres trans e travestis como “normais” e que foi seguida pela maiora da casa legislativa. 

A Câmara rejeitou três pedidos de inserção junto às políticas públicas em defesa das mulheres, que foram: consolidar ações afirmativas para maior inserção da mulher no mercado de trabalho, sobretudo, as negras, LBTs e com deficiência; promover ações que visem à prevenção e ao combate a qualquer forma de violência contra as mulheres cis e trans e reforçar e ampliar programas de fortalecimento sociopolítico e econômico voltados para as mulheres, principalmente, as negras, LBTs e com deficiência.

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Em conversa com a Alma Preta Jornalismo, Dani afirma que o caso é exemplo de fragilidade na democracia e do quadro de representatividade nos espaços de poder. “A democracia, para mim, é muito frágil e incompleta quando você não tem demonstrada a correlação de forças na sociedade nos espaços de decisões e poder. Nós mulheres somos a maioria da população, aqui em Pernambuco somos 54%. Seja no legislativo, executivo ou judiciário, não temos essa representatividade. Recife nunca teve uma prefeita e Pernambuco nunca teve uma governadora. Isso já diz muito”, pontuou.

Estatisticamente, a parlamentar ainda demonstra que a ocupação de cadeiras por mulheres, com questões que envolvem a interseccionalidade, ainda afunila em relação aos homens e pessoas cisgêneras. “Se a gente está falando de subrepresentação e nem 15% de nós chegam ao parlamento, quando tratamos de mulheres negras, por exemplo, esse número cai para 2%. E se essas mulheres foram trans ou travestis? Esse número é menor ainda. Então, hoje, nós não temos um parlamento, que se diz como ‘casa do povo’, mas não representa, de fato, a diversidade do nosso povo”, afirma.

Outro caso de representatividade negada e relembrada por Portela, mesmo diante da democracia, foi o de uma vereadora trans eleita com o máximo número de votos no Rio de Janeiro, mas teve o exercício do cargo interrompido por sofrer fortes ameaças via redes sociais. “Quando as mulheres trans e travestis chegam ao poder, o que é dificuldade pela estrutura parlamentar, ainda sofrem violência e ameaças sobre as suas próprias vidas, como vimos nas últimas eleições. A exemplo disso, Benny Briolly foi a vereadora eleita mais votada de Niterói, mas recentemente teve que sair do país. Isso é abusrdo!”, denuncia. 

A publicação da vereadora gerou grande repercussão., Internautas não concordaram com a postura da vereadora Missionária Michele Collins e fizeram críticas. “Que retrocesso! Michelle coliins envergonha o Recife com proselitismo religioso” e “religião não deveria pautar nada na política. Nem deveriam/poderiam ser eleitos usando seus cargos religiosos. Enquanto isso, muitos matam e roubam em nome de Deus” foram algumas das mensagens. 

A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com a missionário pelo contato disponibilizado em suas redes sociais, mas ainda não teve retorno. 

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