Donald Trump voltará ao comando dos Estados Unidos após vencer a vice-presidente Kamala Harris na disputa eleitoral de 2024. Após uma campanha marcada por discursos anti-imigração e uma retórica protecionista e agressiva, o ex-presidente republicano já venceu em 277 distritos eleitorais, superando os 224 da democrata.
Embora o resultado oficial da eleição seja anunciado somente em dezembro, a vitória de Trump é dada como certa uma vez que o republicano ultrapassou o número de distritos necessários para ser eleito, que era de 270.
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A volta de Trump à presidência em 2025 acendeu um alerta entre parlamentares brasileiros, especialmente os negros, que veem na sua vitória uma nova ameaça de expansão ideológica da extrema-direita.
Durante a campanha, Trump foi enfático em promessas radicais para “proteger a América”, centrando seu discurso no endurecimento das políticas de imigração. O republicano chegou a se referir a migrantes em situação irregular como “terroristas”, “estupradores” e “animais”, insistindo que eles “envenenam o sangue” do país.
Trump garantiu que, com ele, o dia da vitória seria o “dia da libertação”, e prometeu expulsar migrantes irregulares, fortalecer a vigilância na fronteira e “reconquistar as cidades” que, segundo ele, estariam dominadas por estrangeiros.
No Brasil, as reações à vitória de Trump ocorreram rapidamente, especialmente entre parlamentares negros que demonstraram preocupação com as possíveis implicações globais dessa nova liderança. O deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), destacou os riscos.
“A vitória de Trump nos EUA deve ser vista com atenção. Não há dúvidas de que se trata de uma guarida ideológica à extrema-direita. Em cenários tão acirrados de conflitos em todo mundo, a perspectiva beligerante pode vir ainda mais forte”.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apontou que a nova gestão de Trump representa um risco para a segurança global. “E ao meio ambiente, aos direitos dos trabalhadores, das mulheres, das minorias políticas e tantas outras pessoas desprezadas em seu plano de governo, dentro e fora dos Estados Unidos”, manifestou a parlamentar em uma postagem no X (ex-Twitter).
O também deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) compartilhou sua inquietação sobre a permanência da extrema-direita no cenário global.
“A vitória de Donald Trump nos EUA mostra que a extrema-direita se mantém forte e na ofensiva política. Pode representar uma escalada nas tensões globais e riscos para os povos. No Brasil, é preciso captar a mensagem e ter em mente que o povo, suas formas de organização e os métodos de fazer política mudaram. Apertem os cintos, dias piores virão”.
A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) também alertou sobre o impacto do retorno de Trump à Presidência dos EUA.
“A vitória de Trump é uma derrota mundial. Trump e seu cabo eleitoral Elon Musk são um perigo para a humanidade. Vence um dos principais vetores internacionais do fascismo. Todo mundo que sonha com um mundo melhor precisa arregaçar as mangas e derrotá-los em todos os países”.
Em Porto Alegre, a vereadora reeleita e líder do PSOL na Câmara, Karen Santos, fez um alerta sobre a falta de alternativas progressistas de peso no cenário político.
“Trump representa a saída mais violenta e destrutiva para a crise capitalista, captura o desespero e a luta individualista pela sobrevivência. Seu projeto não trará nada de bom para a enorme maioria da humanidade. Precisamos urgente construir uma alternativa da classe trabalhadora, de todos os povos e nações, para apontar uma perspectiva positiva de transformação desse sistema podre e em colapso, que precisa ser superado ou seremos arrastados ainda mais fundo para a barbárie”.
Na Bancada Feminista da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a deputada Paula Nunes (PSOL) chamou atenção para o avanço da extrema-direita mundial e destacou a necessidade de mobilização.
“Com a vitória de Trump, a extrema direita mundial se reorganiza e avança. Não é qualquer coisa. Nos cabe, daqui, manter os olhos e ouvidos atentos e ampliar a nossa capacidade de mobilização”.