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Voto feminino completa 92 anos; sufragista negra é referência na luta

Almerinda Farias Gama foi uma das primeiras mulheres a atuar na política durante o século 20
A imagem mostra Almerinda Farias Gama deixando seu voto na urna durante as eleições da Assembleia Nacional Constituinte, em 1933.

Foto: Acervo/FGV

27 de fevereiro de 2024

As mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto em 1932. O movimento sufragista existiu como uma luta de reivindicação de mulheres ativas na política, incluindo o direito ao voto e a candidatura a um cargo eleitoral. Em meio à luta, a ativista negra Almerinda Farias Gama se destacou no estado de Alagoas.

Após uma longa jornada de buscas, a pesquisadora em História, jornalista e também alagoana Cibele Tenório descobriu que Almerinda viveu entre 1899 e 1999, em Maceió (AL).  A pesquisa de mestrado da historiadora aborda a trajetória da sufragista e renderá um livro. Os estudos também foram base para a criação de um documentário

Almerinda Farias Gama foi uma advogada, jornalista, sindicalista, escrevente juramentada e tradutora brasileira. Integrante da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, a ativista lutou pelo direito ao voto feminino no Brasil. Ela foi uma das primeiras mulheres negras a atuar na política do início do século 20. 

A ativista foi a fundadora do Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos do Distrito Federal e representou o sindicato como a única mulher presente na Assembleia Nacional Constituinte, em 1933, onde pôde votar pela primeira vez na escola dos representantes classistas da pasta.

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1935, Almerinda foi candidata à Câmara Federal pela legenda “Decreto do Direito ao Trabalho, Congresso Master”. Mesmo não sendo eleita deputada, ela permaneceu na política como presidente do Partido Socialista Proletário do Brasil até 1937, quando o Partido foi extinto com o golpe do Estado Novo (1937-1945).

Em 1934, Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra eleita como deputada. Ela e Almerinda podem ter sido as pioneiras a concorrer a cargos eletivos no Brasil.

A ativista atuou como datilógrafa, uma ferramenta que, segundo a pesquisadora, em entrevista à Agência Brasil, nem todo mundo dominava. “Além de datilografar, escrevia e se expressava bem”. 

Reconhecimento do legado

As pesquisas da historiadora possibilitaram que a cidade natal da sufragista tomasse conhecimento de suas ações na política brasileira. A coordenadora de Igualdade Racial da prefeitura de Maceió, Arísia Barros, iniciou um movimento para o reconhecimento do legado de Almerinda. 

A coordenadora informou que uma praça, onde 100 mulheres referências de Alagoas são homenageadas, incluiu Almerinda nos destaques. Uma proposta  apresentada na Câmara dos Vereadores do município propõe a criação do “Dia de Almerinda”, no dia 16 de maio, data de nascimento da sufragista.

  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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