Por: Felipe Ruffino*
A complexidade da identidade racial ganha contornos distintos no cenário do colorismo, um fenômeno que desafia as tradicionais categorias de negros e brancos. Dentro dessa ampla paleta de tons de pele, indivíduos com coloração mais clara frequentemente enfrentam uma encruzilhada, onde são desconsiderados nos espectros racialmente definidos. Este artigo se propõe a explorar as nuances da miscigenação e do racismo que permeiam a experiência dessas pessoas.
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Enquanto a sociedade muitas vezes busca enquadrar as pessoas em rígidas categorias raciais, a realidade é que a miscigenação resultou em uma diversidade extraordinária de tons de pele. Para aqueles com pigmentação mais clara, a experiência pode ser paradoxal, uma vez que não se encaixam plenamente nas categorias convencionais de negros ou brancos. Isso levanta questionamentos profundos sobre identidade e pertencimento.
A sociedade, em seu anseio por categorizações simplificadas, muitas vezes subestima a complexidade da miscigenação. Aqueles com tons de pele mais claros podem se sentir desconfortáveis em um mundo que insiste em rotulá-los de forma binária. Essa ambiguidade racial pode resultar em uma sensação de alienação, enquanto enfrentam perguntas como: “Qual é a sua verdadeira identidade?” ou “De qual lado você está?”.
O colorismo não apenas revela a diversidade dentro da comunidade negra como também destaca a falácia das dicotomias raciais. O racismo que os indivíduos com pele mais clara enfrentam é muitas vezes diferente, mas não menos impactante. A invalidação de sua identidade e a pressão para se encaixar em moldes estreitos perpetuam estereótipos e desafiam a noção de que a experiência racial é uniforme.
À medida que a sociedade se esforça para desmantelar estruturas de racismo, é imperativo que reconheçamos as experiências daqueles que se encontram no espectro mais claro da diversidade racial. Desafiar as noções preconcebidas e desconstruir estereótipos é uma tarefa coletiva. Somente ao reconhecer e respeitar a complexidade do colorismo poderemos verdadeiramente aspirar a uma sociedade mais inclusiva e justa, onde a identidade seja celebrada em toda a sua riqueza e diversidade.
* Felipe Ruffino é jornalista, pós graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.