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25 de julho: Falar de mulher negra no Brasil é falar sobre apagamento e resistência

Muitas de nós deixamos de ter nossos nomes citados ou reconhecidos pela história, mas temos nossas marcas nas lutas pela construção desse Brasil

Texto: Regina Lúcia dos Santos | Foto: Reprodução/Brasil de Direitos

Imagem mostra Regina Lúcia dos Santos. Ela é uma idosa negra de pele clara, com cabelos grisalhos curtos e veste uma camiseta amarela, escrito Movimento Negro Unificado.

Foto: Foto: Reprodução/Brasil de Direitos

25 de julho de 2023

Falar de mulher negra no Brasil é muito difícil, são tantos os atravessamentos que se faz necessário falar dos apagamentos, das lutas, das dores, da nossa resistência.

Quantas Aqualtunes, Acotirenes, Dandaras, Esperanças Garcia, Adelinas Charuteira, Luizas Mahin, Terezas de Benguela ou de Quariterê, Marias Felipa, Marianas Criola, Zeferinas, Evas Maria de Bonsucesso, Marias Aranha, Nas Agontimé, Tias Simoa, Zacimbas Gaba, Marias Firmina do Reis, Antonietas de Barros, Enedinas Alves Marques, Carolinas Maria de Jesus, Laudelinas de Campos Melo, Virgínias Leone Bicudo, Beatriz Nascimento, Lélias Gonzalez, Luizas Bairros, Ruths de Souza, Tias Ciata, Clementinas de Jesus, Jovelinas Perola Negra, Ivones de Lara, Elzas Soares, Marlis Coragem e Marielles Franco deixaram de ter seus nomes citados e reconhecidos na história do Brasil? Mas com certeza deixaram suas marcas nas nossas lutas e na construção do país.

Nós somos a base da pirâmide econômica e ganhamos 46% do salário de um homem branco, segundo a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ainda assim chefiamos uma grande parte das famílias brasileiras. Criamos filhas, filhos, netas e netos.

Depois de décadas de luta, ingressamos nas universaidades, estamos fazendo mestrados e doutorados. Lutamos contra o trabalho escravo de muitas empregadas domésticas, contra a violência sexual que tem como alvo majoritário meninas e jovens negras, contra o feminicídio e seguimos resistindo comom sempre estivemos.

Lutamos contra o racismo e o machismo, que são responsáveis pela solidão da mulher negra. Lutamos por direito a saúde e acolhimento com dignidade para as mulheres negras que ainda, em pleno século 21, sofrem violência obstétrica, recebem menos anestesia no parto, fazem menos exames e recebem menos atenção médica durante a gravidez e após o parto e, por isso, a imensa maioria das mortes maternas são de mulheres negras, 60%, na sua grande maioria jovens, entre 14 e 29 anos, enquanto que as mulheres brancas representam 34% das mortes.

Dia 25 de Julho comemoramos o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela em reconhecimento à nossa luta por conta do Encontro de Mulheres Negras acontecido em 1992, neste mesmo dia em Santo Domingo, na República Dominicana. No Brasil, em 2015, nesta mesma data mulheres de todo o Brasil fizeram a Marcha das Mulheres à Brasília e desde 2016, em São Paulo, realizamos a Marcha das Mulheres Negras. Este ano a marcha continua  em diversas cidades por todas nós e pelo bem viver.

*Regina Lúcia dos Santos é coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado, em São Paulo.

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