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Racismo elitista na Operação Verão do Rio de Janeiro 

O cerne da questão reside na alegação da operação de que esses adolescentes, em sua maioria de pele negra ou parda, são suspeitos de serem infratores em potencial
Policial corre atrás de menino negro na Avenida Princesa Isabel, em Copacabana.

Foto: Gabriel de Paiva

9 de fevereiro de 2024

Por: Felipe Ruffino

O Rio de Janeiro, conhecido por sua beleza natural e diversidade, revela, mais uma vez, as entranhas de um problema social persistente: o racismo elitista. A Operação Verão, uma iniciativa do governo estadual, tem sido alvo de críticas intensas devido à detenção de adolescentes de bairros periféricos sem qualquer flagrante próximo às praias de áreas mais abastadas da cidade.

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O cerne da questão reside na alegação da operação de que esses adolescentes, em sua maioria de pele negra ou parda, são suspeitos de serem infratores em potencial. Essa abordagem, além de questionável, levanta sérias preocupações sobre a violação dos direitos civis e a perpetuação de estereótipos prejudiciais.

O título da operação sugere um propósito nobre: assegurar a segurança durante a temporada de verão. Contudo, ao analisar mais de perto, torna-se evidente que a abordagem seletiva está enraizada em preconceitos raciais. Adolescentes pertencentes a comunidades periféricas, em grande parte de origem negra ou parda, tornaram-se alvos frequentes.

O fato de não haver flagrante próximo às praias das áreas mais abastadas questiona a legitimidade das detenções. Essa disparidade geográfica ressalta a existência de uma mentalidade que associa, de maneira injusta, jovens negros ou pardos à criminalidade, baseada apenas em estereótipos raciais.

A operação, ao categorizar esses adolescentes como “suspeitos em potencial”, perpetua um ciclo prejudicial. Não apenas é uma violação dos direitos individuais, mas também contribui para o estigma racial que há muito tempo afeta as comunidades de origem negra.

É crucial que a sociedade civil, os defensores dos direitos humanos e as autoridades questionem a legitimidade e a ética por trás da Operação Verão. O racismo elitista deve ser enfrentado de frente, e políticas públicas que promovem igualdade e equidade devem ser implementadas.

Além disso, é essencial promover a conscientização sobre a complexidade das dinâmicas raciais e desafiar os estereótipos que perpetuam a discriminação. A sociedade carioca, rica em diversidade, merece iniciativas governamentais que reflitam os valores de justiça, respeito e igualdade para todos os seus cidadãos.

Felipe Ruffino é jornalista, pós graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.

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