Lançamento está previsto para maio e contém contos, crônicas, poemas e diários de 22 escritores negros de várias regiões do país
Texto / Simone Freire
Imagem / Reprodução
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Arsenal poético e lúdico, “Ancestralidades – Coletânea de Escritores Negros” é uma publicação, com escritas em verso e prosa, que contém contos, crônicas, poemas e diários de 22 escritores negros de várias regiões do país.
O intuito do projeto é contrapor o mercado editorial como um todo, uma vez que é tradicionalmente escrito e retratado por escritores e personagens brancos. Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UNB), por exemplo, aponta que o perfil do escritor brasileiro não muda desde 1965. Segundo a análise, de 692 romances de 383 escritores publicados entre 1965 e 2014, mais de 70% deles foram escritos por homens, 90% brancos e pelo menos a metade veio do Rio de Janeiro e de São Paulo.
“Num país racista em que apenas homens brancos ricos, em sua maioria, cis e heterossexuais, têm o direito de ter seus livros publicados, organizar uma coletânea de homens pretos é furar esse bloqueio. É pensar em rompimento do histórico silenciamento racista que sofremos no país e pensar também em uma forma de nos aquilombar, de nos juntar, dividir nossas letras no mesmo papel para denunciar a morte e anunciar formas de vida. É usar nossa caneta como arma e escudo contra o genocídio”, diz Igor Gomes, poeta que participa da coletânea.
Campanha
A organização da coletânea é de poetas e escritores negros e Karine Bassi, que organizou a antologia “Raízes: Resistências Históricas”, da qual participaram apenas mulheres negras.
Com lançamento previsto para maio, para viabilizar o projeto uma campanha de financiamento coletivo está em andamento até o dia 9 de abril.
“Acreditamos que seja possível não só difundir algumas vozes e escritas pretas espalhadas por aí mas também inspirar para que outras vozes e escritas de meninos negros possam surgir e serem vistas”, conta Gomes.