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Quem é a Ku Klux Klan, a organização racista que se identifica com o Bolsonaro?

23 de outubro de 2018

Conheça a Ku Klux Klan, a organização de extrema direita que ressurgiu no cenário mundial após o ex-líder da, David Duke, dizer “ele soa como nós” referindo-se ao candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro.

Texto/Aline Bernardes

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Imagem/Blog do Esmael Morais

Essa organização racista secreta nasceu no final do século 19 nos Estados Unidos após a Guerra Civil Americana (1815-1865). O grupo formado por pessoas brancas resistia a política liberal imposta pelos estados do Norte, a Reconstrução, que assegurava que a abolição da escravatura fosse cumrida. Na defesa da manutenção da supremacia branca no país, o grupo promovia atos de violência e intimidação contra os negros libertados.

Em 1866, na pequena cidade de Pulaski, no Tennessee, seis amigos começaram a sair com lençóis brancos na cabeça durante a noite para pregar peças nos negros das fazendas locais. Com o tempo, as brincadeiras ganham contornos violentos e motivações políticas. Nascia ali a Ku Klux Klan. Em um ano, meio milhão de pessoas tornam-se adeptas à organização em diferentes cidades.

Seus militantes adotaram capuzes brancos e roupões fantasmagóricos para esconder a identidade e assustar as vítimas. Responsável por massacres, estupros e linchamentos, entre outras atrocidades, a Klan passou por três fases históricas.

A partir de 1870, o governo americano decidiu enfrentar a organização e, em 1882, a Suprema Corte do país declarou inconstitucional a existência da KKK. Mas a organização ganhou força no sul do país devido a um conjunto de leis segregacionistas dos estados locais. Chamadas de “Jim Crow”, essas leis diziam, entre outras coisas, que ônibus, cinemas, restaurantes e outros estabelecimentos deveriam possuir assentos separados para negros.

Com a fuga de negros para outros estados, o grupo aumentou sua atuação pelo país. Uma primeira sede oficial foi aberta em Nashville, no sul do país.

Em 1877 a Reconstrução acabou, a KKK, então,  perdeu sua força inicial. Mas o declínio não apagou sua ideologia: alguns adeptos se envolveram com a política. A “era de ouro” da KKK aconteceu entre 1914 e 1924. Com a Primeira Guerra Mundial e a ida de europeus para os EUA, o grupo se reorganizou. Agora a doutrina misturava xenofobia e nacionalismo. Judeus, católicos, imigrantes, comunistas e homossexuais se tornaram alvos.

A estreia de O Nascimento de uma Nação, em 1915, exibido em sessão especial na Casa Branca, marcou a renovação do grupo. O filme colocava os negros como vilões e trazia um teor romântico a KKK. Com apoio político, o grupo chegou a 5 milhões de membros.

Explosões de bombas, linchamentos e enforcamentos em árvores eram as principais estratégias do grupo. Um dos momentos mais violentos foi o Massacre de Colfax, em 1873, quando uma manifestação do Partido Republicano (que era a favor de direitos políticos para os negros) terminou em uma guerra ao ar livre. Cerca de 200 pessoas morreram – 197 negros. Outro caso emblemático rolou em 1963, quando quatro meninas foram mortas por uma bomba em uma igreja batista no Alabama

A Grande Depressão, na década de 30, levou ao segundo declínio da Klan. O enfraquecimento financeiro, causado pela evasão de membros, foi problemático. As muitas ações terroristas também ajudaram a desmoralizar o grupo. Com a Segunda Guerra Mundial, comparações entre a milícia local e os nazistas começaram a serem feitas. Em 1944 a KKK interrompeu as atividades.

Uma onda de protestos e ações pelo fim do segregacionismo no sul dos EUA surgiram nas décadas de 50 e 60. A luta dos negros fez renascer a Ku Klux Klan. Em contrapartida, o ativismo negro ganhou a atenção da imprensa, mudou a opinião pública a motivou o presidente Lyndon Johnson a aprovar a lei dos Direitos Civis, em 1964. As leis “Jim Crow”, após quase 90 anos ativas, caíram em 1965. A KKK como era conhecida acabou em 1981.

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