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2ª Virada Cultural “Por que a USP não tem cotas?” é confirmada nos dias 20 e 21

19 de junho de 2017

Entre as atrações divulgadas estão nomes conhecidos da música nacional, como GOG, Yzalú, Mc Soffia, Luana Hansen, Bloco Ilu Inã e Bahias e Cozinha Mineiras; a USP é a únicas das universidades estaduais paulistas que não adota cotas.

Texto: Solon Neto
Imagens: Alma Preta; Divulgação

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Nos dias 20 e 21 de Junho, a Universidade de São Paulo (USP) sediará a 2ª Virada Cultural “Por que a USP não tem Cotas?”. Organizado por estudantes da universidade, o festival político e musical tem 36 atrações confirmadas que farão shows entre o final da tarde e a madrugada dos dois dias.

No dia 20, as atrações farão seus shows entre 17h30 e 3h40. Já no dia 21, o Festival acontece entre 17h e 21h. Novas atrações, a serem confirmadas, e os locais dos shows serão divulgados até a data do evento através da página do Festival no Facebook: https://goo.gl/PWDJtW.

Entre as atrações divulgadas estão nomes conhecidos da música nacional, como GOG, Yzalú, Mc Soffia, Luana Hansen, Bloco Ilu Inã e Bahias e Cozinha Mineiras. É o segundo ano consecutivo de realização do festival. Em 2016, o festival também teve um ato que cruzou as ruas de São Paulo e foi acompanhado pelo Alma Preta.

Em 2016, o movimento negro estudantil organizou uma marcha entre o Largo da Batata e os um dos portões da USP, em São Paulo. A marcha aconteceu em 24 de Junho, 3 dias antes da primeira edição do festival “Por que a USP não tem Cotas?”(FOTO: Pedro Borges/Alma Preta)

A Universidade de São Paulo (USP) é a única das três universidades estaduais paulistas que não adotou um sistema próprio de cotas.A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) adotou um sistema de cotas em 2014, após pressão estudantil e de movimentos sociais. Já a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) aprovou no último dia 30/05 a criação de um sistema de cotas próprio.

O festival acontece em um contexto de debates ampliados pela recém aprovação de cotas na UNICAMP. Além disso, corre dentro da USP uma proposta de cotas que pode ser votada em breve. Os estudantes temem que a proposta seja barrada e se organizam para pressionar a universidade pela adoção de um sistema de reserva de vagas próprio.

Ian Douglas, estudante de Ciências Sociais e membro do setorial de Negras e Negros do DCE Livre da USP, conta ao Alma Preta que no dia 22/06 a USP deve avaliar novamento seu formato de acesso, o que pode incluir a proposta de cotas ou não.

“Nós protocolamos no dia 18 do mês passado um abaixo assinado com mais de 1000 assinaturas para que o nosso projeto fosse colocado em pauta na reunião. É uma medida prevista no regimento do conselho de graduação, o que quer dizer que provavelmente nossa proposta será debatida”.
 
Segundo o estudante, um representante da universidade chegou a afirmar não saber se a pauta seria incluída no debate ou não, o que deixou a organização estudantil receosa com a possibilidade de sofrerem um “tipo de golpe”, nas palavras de Ian.
 
USP é uma das últimas grandes universidade brasileiras a se recusar a adotar cotas.(Infográfico: Solon Neto/Alma Preta)
O projeto apresentado pelos estudantes pede a adoção de reserva de 50% das vagas para estudantes de escola pública, e dentro desse percentual, uma cota racial que corresponda à proporção de negros e indígenas na população do paulista, que hoje gira em torno de 40%. Além disso, pede que metade das vagas para estudantes de escola pública sejam para pobres, com renda familiar de até 1,5 salário mínimo. Também propõe que 2% das vagas sejam destinadas a pessoas com deficiências físicas e outros 2% para pessoas oriundas de comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.
 
A proposta é similar às adotadas em universidades federais e estaduais paulistas. O texto prevê a reavaliação das cotas depois de 10 anos, podendo ser extintas ou renovadas.

Hoje, a USP tem reservas de vagas em algumas unidades, como a Escola de Comunicação e Artes (ECA), que tem um sistema baseado no SISU.

Universidade demonstra resistências às cotas; Estudantes protestam contra racismo da instituição

Os e as estudantes da UNESP e UNICAMP tiveram participação decisiva na adoção de cotas nas duas universidades. Em ambos os casos, as organizações estudantis foram as mais dinâmicas na exigência das cotas que se impunha pela adesão de outras instituições ao sistema. Na USP não é diferente. O movimento negro estudantil luta pela adoção de reserva de vagas há anos, porém esbarra na resistente negativa da universidade.

Andreza Delgado, estudante de Direito da USP, acredita que sob estas condições o festival tem relevância para a discussão, pois amplia o alcance do debate:

“A importância do festival é para a abertura do debate sobre as cotas na USP para o público de fora. Fazemos esse festival para que a galera de fora possa colar e fortaleça o debate público”, afirma.

Sendo a única das universidades paulistas a não adotar um sistema de cotas, a USP vem sendo pressionada pelos movimentos sociais para aderir ao processo.

Para Andreza, que faz parte da organização do festival “Por que a USP não tem cotas?”, essa resistência é resultado do racismo:

“A USP sempre foi pioneira em tudo que está ligada a progresso nas demandas sociais das minorias. Essa demora toda significa o quanto essa universidade não quer ser pública de verdade e plural, além de prova o quanto a instituição é racista”.

Ian Douglas também acredita que o Racismo é fator principal da resistência da universidade.

Para ele, a universidade não tem cotas “por causa da posição que a USP ocupa na sociedade brasileira, encarnação de um ideal de excelência que é racista, associado a um projeto de manutenção dos  privilégios dos filhos de uma elite branca e burguesa, tanto no que diz respeito a posições no mercado de trabalho, quanto na ocupação de espaços de poder”.

Ele também acredita que a manutenção da USP fora do universo das cotas faz parte do projeto do partido que governa São Paulo há 22 anos, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Ele atribui ao partido a responsabilidade pela demora das universidades paulistas em adotar as cotas, tendo em vista que outras universidades brasileiras o fizeram com anos de antecedência.

Confira abaixo a programação completa do festival:

 

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