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Estudo revela que 52% das jogadoras de futebol já sofreram assédio

O levantamento feito pela jornalista Camila Alves reúne depoimentos de atletas das três principais divisões do futebol brasileiro
A imagem mostra jogadoras da seleção brasileira de futebol segurando uma faixa com os dizeres “Assédio não!”, em protesto a casos recorrentes de violência contra elas.

Foto: Richard Callis/CBF

20 de março de 2024

A jornalista esportiva Camila Alves entrevistou 209 jogadoras de futebol de diferentes clubes de todo o Brasil. O resultado da pesquisa revelou que 52,1% das atletas já sofreram algum tipo de assédio por parte de árbitros, torcedores, treinadores, comissão técnica e diretoria dos clubes por onde passaram.

Procuradas individualmente, sob condição de anonimato, a jornalista apresentou  18 questões as atletas relacionadas à violência e discriminação no esporte. As jogadoras das três divisões do Campeonato Brasileiro Feminino (A1, A2 e A3) falaram sobre os casos e as consequências para elas e para os abusadores. 

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Em depoimentos, as atletas mencionam importunação sexual, convites inadequados e afastamento da equipe como retaliação após uma denúncia contra o agressor. Caroline (nome fictício), de 22 anos, é zagueira, e durante um dia de treino, o técnico da equipe tentou beijar ela e outras jogadoras à força. 

“O presidente do meu clube me chamou para ir ao motel”, conta Letícia, de 23 anos. “Já passei por clubes onde o presidente era acusado de abuso e a comissão agredia verbalmente as atletas”, diz Olga, de 28 anos, durante seu depoimento para o levantamento feito pela jornalista e publicado no Globo Esporte.

Quando se trata de ocorrencias de assédio sexual, 26,8% das jogadoras disseram terem sido vítimas. Outras 4,8% dizem que “acham que sim” e 15,8% “acham que não”. A jornalista deixou as opções em aberto porque, segundo o estudo, para muitas vítimas a palavra “assédio” é aplicada somente em condutas graves como estrupro, “mas quando ouvem uma explicação sobre a abrangência do termo, reconhecem episódios vividos ao longo da carreira”.

O estudo mostra ainda que os casos de assédio acontecem em espaços além dos jogos oficiais. 34,2% das entrevistadas disseram que sofrem violência durante o treino, 27,3% em redes sociais, 10,9% na concentração para os jogos e 9,5% em viagens. Alojamento (5,4%), hoteis (2,7%), ônibus (1,3%) e confraternização também foram mencionados. 

Quando perguntadas sobre presenciar assédio com outra jogadora, 37,3% disse já ter visto acontecer. Quase metade das atletas (47,8%) dizem que já sofreram ofensas, pressão indevida e xingamentos por parte de comissão técnica e treinador. 

Somente 14,7% das entrevistadas disseram ter denunciado os casos. Dos 113 relatos de assédio das atletas, apenas 17 agressores sofreram consequências. Dois foram retirados do cargo, seis foram demitidos, seis respondem a processos criminais e apenas três foram presos. 

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  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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