Documento apresentado em audiência pública na segunda-feira (25), realizada na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), denunciou 11 execuções feitas pela Polícia Militar de São Paulo (PMSP) durante ações recentes deflagradas na Baixada Santista — operações Escudo e Verão. A audiência foi organizada pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo junto a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
Os depoimentos narram histórias que contestam a versão dada pela polícia, de que houve troca de tiros com o tráfico de drogas.
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Ana Alice, que afirma que seu ex-marido foi assassinado por policiais em São Vicente (SP), conta que José Marcos não tinha envolvimento com o crime.
“Os policiais pegaram ele, na metade do beco, levaram para dentro da casa dele e deram três tiros.”, conta Ana Alice na ocasião. Segundo ela, o aviso do ocorrido veio pelos vizinhos que ouviram os tiros, mas os policiais não deixaram ela se aproximar do marido.
Em outro depoimento, a esposa de Leonel, também morto pelos policiais, diz que o marido deu entrada no hospital já sem vida. Leonel era cadeirante desde os 14 anos, e segundo o depoimento, ele “mal conseguia segurar as muletas dele”.
O caso de Leonel foi contestado por uma foto divulgada por testemunhas. A imagem o mostra sentado na calçada minutos antes da abordagem policial que o matou. Testemunhas também afirmaram que ele estava desarmado e sem posse de drogas, o que confronta o boletim de ocorrência feito pela polícia.
Palco da Operação Escudo e da Operação Verão, as cidades da Baixada têm sido alvos de constantes ações da polícia. Amplamente denunciada por sua brutalidade, a Operação Verão foi considerada a segunda mais letal do estado até o momento.