Após duas temporadas no Rio de Janeiro, a peça “Amor e outras Revoluções”, da atriz e dramaturga Tati Villela, desembarca em São Paulo. Inspirada no texto ‘’Vivendo de amor’’, de Bell Hooks, o trabalho pode ser visto no Sesc Ipiranga entre os dias 26 de abril e 19 de maio.
“Nossa peça toca amores distintos, não somente amores negros. Não estamos deixando de lado as questões raciais, estamos apenas mudando o ponto de vista para falarmos sobre amor”, conta Tati Villela, em nota à imprensa. Além de assinar o texto, a artista também atua ao lado de Mariana Nunes.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Na trama, Aynah e Luzia estão de casamento marcado, mas ainda têm dúvidas se estão preparadas para dar esse passo. Uma viagem em suas próprias histórias ocupa o centro da cena e as fazem iniciar suas verdadeiras revoluções a respeito do amor e da falta dele.
“As protagonistas enfrentam dilemas comuns a qualquer casal. Por isso, as pessoas saem muito tocadas do espetáculo”, afirma Mariana em nota. Na trama, sua personagem, Luzia, está vivenciando uma fase difícil da carreira. Ela faz um doutorado em Ciências Sociais e Políticas Públicas, mas naquele momento não ganha nenhuma bolsa e, por isso, está sem renda.
“Ao mesmo tempo, ela sonha em se casar com a Aynah e adotar um filho, mesmo não se sentindo pronta financeiramente para isso”, acrescenta. Já a sua companheira está em outro momento da vida. A jovem moradora da periferia alcançou um cargo de liderança, mas sempre sente que não é bem-vinda naquele ambiente.
“Nós falamos muito sobre o trabalho e sobre como o racismo estrutural nos prejudica. A partir desses dilemas, as duas refletem sobre as suas existências, seus traumas, sonhos e o que pensam sobre a construção de uma família”, comenta Tati.
“Amor e outras Revoluções” está em sua terceira temporada e tem se modificado ao longo do tempo. As atrizes optaram por não ter um diretor ou uma diretora e sim convidar colaboradores para contribuírem com o processo.
Por meio deste trabalho, a autora pretende também dar protagonismo aos afetos que existem no subúrbio. “Eu tive uma infância muito amorosa e isso se reflete em quem eu sou hoje. Quero que as pessoas vejam como o amor também se instala no cotidiano da periferia”, completa.