Por: Mariana Oliveira
Entre os dias 3 e 5 de maio, o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, recebeu a 22ª edição da Feira Preta, evento idealizado pela empresária Adriana Barbosa. A primeira edição do evento ocorreu em 2002, na praça Benedito Calixto, zona oeste de São Paulo, recebendo cerca de cinco mil visitantes.
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Após 23 anos de história, a edição de 2024 recebeu mais de 30 atrações, ao longo de três dias de duração. A programação contou com shows, gastronomia, e uma feira de empreendedorismo para o público em geral e para o empreendedor negro, focados nas potencialidades da população negra. “Uma pessoa preta feliz é um ato revolucionário. A experiência desse ano é diferente, pois vem na perspectiva da resistência, da luta, do afeto e do amor. Estou feliz por ter a chance de organizar e realizar um sonho antigo”, disse Adriana Barbosa, em entrevista à Alma Preta.
Com foco na cultura negra e economia criativa, a Feira Preta é um espaço para valorização do chamado afroempreendedorismo. De acordo com levantamento do Sebrae, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2023, os empreendedores negros correspondem a 52% dos donos de negócios no país.
O casal Izabela Matias e Glauber Marques, fundadores da Kioo Modas, especializada em moda infantil, fazem parte dessa estatística. Eles descrevem que o evento foi essencial para celebração da diáspora. “Enquanto a maior potência dentro desse mercado na América Latina, a Feira Preta é para nós uma oportunidade de divulgar o nosso mercado para outros públicos. Criar conexão com pessoas de fora desse nicho da cultura afro-brasileira”, diz Glauber.
A Feira de Empreendedores fez parte das atrações gratuitas do evento, possibilitando uma variedade maior de público consumidor. Além disso, durante o primeiro dia, o evento teve programação exclusiva com palestras e atividades para impulsionamento.
A artista visual e designer de moda Nazura participou pela segunda vez do festival, e afirmou que além da expansão da feira, um evento dessa magnitude é importante para que público e empreendedores negros vejam suas potencialidades. “Para mim, enquanto artista, é importante estar em um espaço que dialoga com meu próprio trabalho e horizontaliza muitas hierarquias. Acho esse processo muito engrandecedor para quem está começando e para quem já está na atividade, porque esse é um espaço de encontro e contato entre os empreendedores e o público”, conta a artista.
A ampliação e variedade de atividades chamou atenção do público veterano no evento, assim como aqueles que visitaram a feira pela primeira vez. Mesmo sob o sol, o público encheu os espaços e assistiu shows de grandes nomes da música negra brasileira, como Tasha e Tracie, Marcelo D2, Karol Conká, Luedji Luna e diversos outros.
Heloísa Helena Xavier e Marília Rodrigues, amigas há mais de 30 anos, frequentam o evento anualmente, e contam que saem de Porto Alegre para São Paulo apenas para prestigiar a Feira Preta. “Acho esse evento grandioso e uma ótima oportunidade para encontrar essa negrada linda, diferentes penteados, rostos e nos enxergar uns nos outros”, conta Heloísa.
Já a carioca Evelyn Mello, que participou pela primeira vez do evento, acredita que a Feira Preta é importante para que pessoas negras possam fortalecer vínculos e se enxergarem como protagonistas. Ela confirmou que planeja retornar no próximo ano.