Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (19), indicam um sério problema de precariedades no saneamento básico de comunidades quilombolas, em territórios devidamente delimitados pelo governo brasileiro.
As informações foram publicadas no “Censo Demográfico 2022 Quilombolas: Características dos domicílios e alfabetização, segundo recortes territoriais específicos: resultados do universo”. A publicação é a primeira edição que detalha as especificidades da população dos quilombos.
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Nos territórios quilombolas oficialmente delimitados, cerca de 90,02% dos moradores convivem com alguma forma de insegurança no saneamento, seja em relação ao abastecimento de água, destinação de esgoto ou coleta de lixo. Considerando a população total dos quilombos, o índice foi de 78,93%. Ambas taxas superaram a marca de precariedade nacional, que atingiu apenas 27,28% da população do país.
Enquanto 83,88% da população nacional possui fornecimento de água por rede de distribuição, apenas 57,07% das pessoas quilombolas têm o mesmo acesso. Para os quilombolas moradores de territórios titulados o índice é ainda menor, atingindo 34,55%.
De acordo com o IBGE, pouco mais de 21% de toda a população quilombola enfrenta uma combinação de três principais formas de precariedade em saneamento básico. Quando considerados os moradores dos territórios quilombolas, o percentual sobe para 29,58%. Apenas 3% da população total do país se encontram nessa condição.
Em relação às condições de moradia, cerca de 24,77% dos moradores de territórios quilombolas não possuíam banheiro de uso exclusivo do domicílio, 12,99% tinham “apenas sanitário ou buraco para dejeções” e 6,24% não possuíam banheiros ou sanitários.
Entre a população total quilombola, os índices foram de 17,15% para aqueles que não têm banheiro exclusivos, 9,75% para os que dependiam de apenas sanitário ou buraco para dejeções e 4,05% para quem não tinha banheiro ou sanitário.
Ao se tratar do total da população residente no país, as proporções apresentam uma queda significativa, atingindo respectivamente os índices de 2,25%, 1,16¨% e 0,59%.
Segundo o IBGE, o Brasil conta com 8.441 localidades quilombolas, relacionadas a 7.666 comunidades quilombolas declaradas no censo. A maior parte está concentrada na região Nordeste, reunindo 63,81% da população. Em seguida está o Sudeste, com 14,75% e o Norte, com 14,55%.