Ao longo da história dos Jogos Olímpicos, diversos países ficaram de fora da competição por proibição ou boicote, entre eles a África do Sul, impedida de participar da edição de 1964, em Tóquio. A nação foi banida devido ao apartheid, regime opressivo e racista imposto pelo governo sul-africano. A exclusão perdurou por quase três décadas.
A política de segregação racial instaurada no país em 1948 concedia direitos políticos e econômicos apenas à minoria branca. Os sul-africanos negros, por outro lado, não tinham direito ao voto e eram forçados a viver em áreas residenciais afastadas. Além disso, casamentos e relações sexuais entre pessoas de diferentes etnias eram proibidos.
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Apesar da pressão internacional, foi somente após o massacre de Sharpeville, em 1960, que o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu banir a África do Sul das Olimpíadas devido à recusa do governo em pôr fim às políticas de apartheid.
O anúncio ocorreu em 18 de agosto de 1964, pouco menos de dois meses antes dos Jogos de Tóquio. Na ocasião, os sul-africanos já haviam sido suspensos de todas as competições organizadas pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) havia três anos. O país ficou banido das Olimpíadas até 1992, quando competiu com uma bandeira especial após o início da saída do apartheid, utilizada até hoje pela nação.
Boicote reuniu 24 países da África
Até o fim da repressão, outras nações se manifestaram durante os Jogos. Em 1976, o time de rúgbi da Nova Zelândia visitou a África do Sul, apesar das pressões contrárias da Organização das Nações Unidas (ONU), que adotou resoluções para dificultar as relações dos países com o governo sul-africano.
Liderado pela Tanzânia, Guiné e Iraque, um grupo de 32 países decidiu não participar dos Jogos Olímpicos de Montreal (1976). O boicote, que incluiu 24 nações africanas, foi uma forma de denunciar a presença da seleção neozelandesa no torneio.
O apartheid terminou após a eleição de Frederik de Klerk em 1989. No ano seguinte, Nelson Mandela, que havia passado 28 anos preso, foi libertado e o Congresso Nacional Africano (CNA), liderado pelo político e principal opositor ao apartheid, voltou à legalidade. Com isso, Klerk revogou as leis raciais e o fim do regime foi aprovado por um plebiscito composto por 69% de eleitores brancos.