Saint-Denis – Alison dos Santos, o Piu, fez o quarto melhor tempo na rodada semifinal e avança para a final olímpica dos 400m com barreiras nesta quarta-feira (7), no Stade de France.
O atleta bateu a marca de 47s95 pela primeira bateria da disputa ao lado do norueguês Karsten Warholm, atual campeão olímpico e campeão mundial da modalidade em 2023. O rival foi o primeiro colocado na classificação geral cravou o tempo de 47s67.
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O brasileiro se mostrou desapontado com o desempenho, apesar da classificação. Alison fez o terceiro melhor tempo da bateria e ficou de fora da qualificação automática para a final. O atleta dependeu dos tempos dos adversários nos dois grupos seguintes. Piu pegou uma das duas vagas reservadas aos corredores com melhor tempo fora do top-2 de cada volta.
“Eu vou com mais raiva para final, com gosto ruim na garganta, com gosto ruim no peito, sabendo que pra chegar [na final] não foi tranquilo, não foi o caminho perfeito”, afirma Alison em entrevista ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), logo após a prova.
Muito aplaudido pela torcida, o francês Clement Ducos foi uma das surpresas da semifinal. Oitavo colocado no ranking, ele superou Alison e bateu o segundo melhor tempo da primeira bateria e da classificação geral, com 47s85.
“Quando você acaba a sua prova, eu passei a linha, vi que eu fiquei em terceiro, não quero passar de novo por essa sensação para esperar os outros atletas correndo”, afirma Alison.
Recordistas em Tóquio se reencontram
Este foi mais um dos embates entre Alison e Warholm, desde Tóquio-2020. Na ocasião, o norueguês saiu com a medalha de ouro e o recorde mundial de 45s94. Alison foi medalha de bronze, com marca de 46s72. Ao lado do estadunidense Rai Benjamin, medalha de prata nos Jogos do Japão com tempo de 46s17, os três formam o trio mais poderoso dos 400m com barreiras.
A prova de hoje deu uma amostra da tensão na disputa por medalhas. Alison, Warholm e Benjamin reeditam favoritismo da edição anterior. Apesar do susto na semifinal, Alison se sente preparado.
“Eu estou pronto, sei que estou aqui para brigar pela medalha. Eu estou numa boa condição física, estou no shape. Agora é só manter a cabeça no lugar, se concentrar, relaxar e saber que estou na final, brigando por três medalhas”, afirma.
Em Tóquio-2020, o pódio passado conquistou um feito histórico, com todos correndo abaixo do recorde olímpico de então, que pertencia ao estadunidense Kevin Young (Barcelona-1993). Desde a última edição das Olimpíadas, Piu, Warholm e Benjamin se encontraram diversas vezes.
Em 2021, o norueguês levou a melhor contra o brasileiro no único encontro entre os dois na etapa de Zurique (Suiça) da Diamond League. No ano seguinte, só deu Alison. O ano marcou o primeiro reencontro do trio finalista de Tóquio, na etapa de Oregon (EUA) da Diamond League. Alison cravou a marca de 46s29, contra 46s89 de Benjamin e 48s42 de Warholm. Na temporada de 2022 da liga, Piu foi o campeão invicto.
Pouco antes das Olimpíadas, Alison teve a hegemonia interrompida por uma lesão no joelho. O atleta passou por cirurgia e ficou dez meses parado entre setembro de 2022 e julho de 2023. O seu retorno às pistas, na etapa da Silésia (Polônia) da Diamond League, foi recompensado com uma medalha de bronze, mas sem reencontrar os rivais. Nas etapas seguintes, Piu teve bom desempenho, apesar de não superar totalmente Karsten Warholm e Rai Benjamin em seus confrontos.
Neste ano olímpico, Alison dos Santos venceu cinco das seis etapas disputadas pela Diamond League, uma delas em Oslo (Noruega), casa de Warholm. A disputa dos três se consolida em mais uma final olímpica. A bateria de hoje deu uma amostra do talento e da tensão na disputa por medalhas da modalidade, que acontece na próxima sexta-feira (9), às 16h45, horário de Brasília.
“Eu passei a temporada toda lutando por um bom resultado, pela vitória, agora estamos na final […] Eu quero cruzar a linha de chegada e me sentir bem sabendo que eu dei tudo para alcançar a medalha”, finaliza.
“Vou voltar mais forte”
O estreante em Olimpíadas Matheus Lima não conseguiu passar adiante, apesar da boa performance na rodada classificatória. O brasileiro bateu o tempo de 49s08, foi o quarto colocado da terceira bateria e apenas o 16º na classificação geral.
“Infelizmente não aconteceu o meu planejamento, mas vou sair daqui de cabeça erguida. Eu entreguei tudo de mim e pode ter certeza que vou voltar mais forte”, declara ao COB em entrevista na zona mista do Stade de France.
Matheu competiu ao lado de Rai Benjamin, que liderou a volta e terminou em terceiro na classificação geral, com marca de 47s85. O jovem de apenas 21 anos promete voltar mais forte para o próximo ciclo olímpico.
“Eu levo [essa experiência olímpica] como aprendizado […] para treinar mais, abdicar de vários outras coisas, apesar que eu já abdico de muitas coisas […] eu estou muito feliz com a minha participação e ainda temos o revezamento 4x400m, para trazer essa medalha pro Brasil.”
Matheus Lima ainda permanece em Paris para disputas olímpicas e volta a correr no 4x400m na próxima sexta-feira (9), às 6h, horário de Brasília.