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O Poder é Nosso: artistas brasileiros recriam personagens negros da Marvel

Nomes como Pantera Negra, Tempestade, Miles Morales, Mulheres de Wakanda e Falcão foram revisitados por cinco artistas negros brasileiros

Ilustração mostra releitura do Homem-Aranha Miles Morales, personagem da Marvel.

Foto: Imagem: Divulgação/Disney

5 de agosto de 2022

Lançado no Brasil no último dia 02 de agosto, o projeto “O Poder é Nosso”, da editora Marvel, conta com releituras de seus personagens negros. Nomes como Pantera Negra, Tempestade, Miles Morales, Mulheres de Wakanda e Falcão, foram revisitados pelos artistas negros brasileiros Negritoo, Crica, Massai, Luna B e DGOH. Em conversa com a Alma Preta Jornalismo, os artistas destacaram a importância de “O Poder é Nosso” para o reconhecimento e valorização da arte urbana, principalmente do grafite, que é o estilo com o qual todos eles trabalham.

A mentora e estilista do projeto, Jal Vieira, fez a pesquisa dos artistas com base nos personagens, para que eles pudessem fazer as recriações inspiradas na identificação pessoal e também estética das ilustrações. “Buscamos a conexão dos artistas com os super-heróis que seriam designados para cada um recriar e os envolver nos processos de decisão”, afirma.

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Negritoo recria Pantera Negra
T’Challa também conhecido como Pantera Negra é o chefe de estado da nação africana de Wakanda, o país tecnologicamente mais avançado da Terra. Na sua releitura, Negritoo revela que buscou trazer a força e energia do graffiti e o seu maior desafio foi trabalhar um personagem masculino, já que sempre retrata personagens femininos em suas obras. Neste trabalho buscou reforçar traços, formas e cores em seu personagem.

Sobre o resultado, o artista diz que espera “inspirar as pessoas, que tiverem contato com este meu trabalho, a sonhar e poder dizer ‘eu consigo um dia estar lá também’.

Crica recria Tempestade
Ororo Munroe, conhecida como Tempestade, é descendente de uma antiga linhagem de sacerdotisas africanas, as quais têm cabelos brancos, olhos azuis e o potencial para utilizar magia. A artista paulista Crica Monteiro trouxe as referências de seus grafittis de mulheres negras também de suas pesquisas sobre o afrofuturismo e indumentárias.

“Eu sei que vários artistas já recriaram a tempestade, descobri que todos eram brancos, então encarei este processo com muita responsabilidade. Nesta criação eu quis trazer este lugar que já trabalho que é o lúdico e fazer um resgate ancestral da personagem com elementos mais modernos”, destaca Crica.

Massai recria Miles Morales
Também chamado de “O Homem-Aranha Original”, Miles Morales é um jovem americano de ascendência porto-riquenha que passou cinco anos estrelando o Universo Ultimate, da Marvel Comics. De Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o designer gráfico e ilustrador Massai buscou referências das cores do grafite dos anos 80 e do estilo urbano de Nova York para recriar seu personagem e ficou muito satisfeito com o resultado.

“Ver minha arte ser reconhecida e valorizado é muito gratificante, pois, não foi um caminho fácil chegar até aqui, exigiu muita técnica, dedicação e trabalho”, destaca o artista mineiro.

Luna B Mulheres de Wakanda
Compondo o universo do Pantera Negra, as mulheres de Wakanda são as negras rainhas, princesas, guerreiras, espiãs, ativistas, políticas e até vilãs da nação. Luna B, artista que fez a releitura, nasceu em Teresina, capital do Piauí. Formada em psicologia, busca levar a sensibilidade do olhar e da escuta para as suas obras que retrata silhuetas de figuras femininas muito fortes e marcantes, referências que ela levou para a criação das suas personagens.

“Durante o processo acabei descobrindo e enxergando em mim também o que eu via nessas mulheres: a coragem de lutar em nome daquilo que acredita”, ressalta a artista nordestina.

DGOH recria Falcão
Apresentado originalmente como um ajudante do Capitão América nos quadrinhos, Sam Wilson alçou voo fazendo sua própria jornada do herói como Falcão, chegando a assumir o manto de Sentinela da Liberdade. DGOH trouxe as referências dos quadrinhos do antigo Falcão dos quadrinhos e as novas armaduras de Sam Wilson, para dar mais força às armaduras, contornos e cores do personagem.

“Fiquei muito feliz de ter criado impacto com o que proponho fazer. Pensei que, se a Marvel se identifica com o que faço, é porque o que eu faço é poderoso, então vamos”, revela o artista paulista.

Próximos passos

Questionados sobre a necessidade de ampliar o número de personagens negros no universo da Marvel, os artistas disseram não estar envolvidos em iniciativas neste sentido. Contudo, sugerem que a criação de um super-herói negro brasileiro seria uma boa alternativa para a construção de um personagem que aborde as questões do racismo e os desafios da população negra e periférica.

As artes resultantes do processo de releitura dos personagens estampam produtos como camisas, cadernos, brinquedos e diversos itens decorativos que serão lançados ao longo do mês por marcas parceiras da editora.

De acordo com a mentora do projeto, Jal Vieira, as ações não vão parar por aí. “O projeto é vivo e é o primeiro passo de uma longa caminhada para se ampliar e alcançar novas pessoas”, conta.

 Leia também: Seleção de filmes e livros para pensar uma educação antirracista

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