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‘Você não tem direitos aqui’: homem negro é ameaçado por segurança após denunciar racismo em abordagem no metrô de SP

Após ser acusada de racismo, a segurança do metrô teria ameaçado chamar a polícia para vítima por calúnia; guardas retiraram o homem à força do vagão
A imagem mostra um trem do Metrô de São Paulo.

Foto: Reprodução / Companhia Metropolitana de São Paulo

17 de setembro de 2024

No metrô de São Paulo, um homem negro foi violentamente retirado do vagão por seguranças após ter sido confundido com um infrator. O caso ocorreu dia 3 de setembro, na estação Portuguesa/Tietê, e foi registrado na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). 

Em entrevista à Alma Preta, Cristiano Rafael Soares conta que a situação começou ainda dentro do vagão. Por conta da lotação e falta de espaço, o rapaz teve uma breve discussão com um senhor idoso. “Eu estava me espremendo e só falei para ele ir pelo outro canto por que ali estava cheio”, declara a vítima. O senhor, descontente com a recomendação, teria reagido com irritação.

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No entanto, ao chegar no destino final, a vítima foi surpreendido por dois agentes de segurança que já o aguardavam na porta do vagão. “Quando chegou a hora de descer, já tinha dois [guardas] na porta. Eles me pegaram pelo pescoço, por trás, e falaram ‘pegamos ele, ele está aqui na nossa mão’”, conta.

Após ser retirado de maneira truculenta, o homem foi acusado de ter vandalizado o metrô. Um dos agentes teria tentado levar Cristiano para outra área mais afastada, sob a justificativa de que as imagens das câmeras o mostravam danificando o local. A vítima se recusou a acompanhá-lo e, por questões de segurança, passou a registrar a situação.

Durante o impasse, uma segunda segurança teria informado que Cristiano foi abordado por compartilhar características semelhantes ao suposto infrator, mas não soube informar quais seriam as semelhanças. 

O homem informou a funcionária que, pela acusação infundada e o tratamento violento, gostaria de ver as imagens da câmera. “Ela olhou para mim e disse: ‘você não tem direitos nenhum aqui. Se quiser, vai procurar a polícia’. Respondi a ela que aquilo era racismo. Como que ela me acusa de um crime e depois diz que eu não tenho direito nenhum?”, indagou.

A vítima conta que, após citar o racismo da abordagem, a segurança também passou a gravar a situação e ameaçou chamar a polícia, uma vez que ele estaria, de maneira caluniosa, imputando a ela o crime de racismo. “O colega dela pegou o rádio disse para os colegas que iriamos para a delegacia porque eu estava acusando eles de racismo”.

Espantado, Cristiano pediu para falar com o superior da dupla, mas ao ser atendido, foi novamente tratado com agressividade. “Onde você está vendo racismo aqui? Você não tem direito aqui, não, vai procurar os seus direitos. Chame a polícia ou quem você quiser”, teria gritado o superior, a um palmo de distância do rosto de Cristiano.

Apesar dos seguranças informarem que o engano ocorreu por perfilamento racial, em nota à Alma Preta, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) alegou outro motivo para a abordagem.

Segundo o comunicado, o Centro de Controle da Segurança do Metrô recebeu uma denúncia via SMS-Segurança sobre uma suposta situação de ameaça envolvendo um idoso e um passageiro do trem que seguia pela Linha 1-Azul.
“Seguindo o procedimento nesses casos, e de posse das características contidas na denúncia, os agentes de segurança mais próximos foram acionados para a checagem do caso, que não foi levado adiante pela recusa do denunciante em prosseguir. O Metrô repudia qualquer atitude discriminatória por parte de seus funcionários e mantém um rígido código de conduta e integridade. Todas as ações dos empregados são avaliadas e qualquer desvio é objeto de rigoroso processo de apuração disciplinar. A empresa também se coloca à disposição da autoridade policial para colaborar em qualquer tipo de investigação”, alegou o Metrô.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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