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Entidade lança manifesto sobre audiovisual negro às candidaturas antirracistas

Documento reitera a importância de políticas públicas para o ingresso de pessoas negras no setor cultural
Imagem mostra um trecho do projeto “Imagens, Olhares e Outras Narrativas – Direção de Fotografia Audiovisual De e Para Mulheres“

Foto: Divulgação

1 de outubro de 2024

A Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) lançou um manifesto para alertar as candidaturas antirracistas sobre a urgência de fortalecer a presença negra no audiovisual brasileiro por meio da atuação do poder público municipal, tanto no Legislativo quanto no executivo.

O documento reúne um conjunto de proposições a partir da experiência da APAN e considera a importância e autonomia dos municípios aliada às políticas em níveis estaduais e federal para a democratização do setor. Segundo a organização, as ações afirmativas são essenciais para abrir portas e consolidar carreiras no cinema entre a população negra.

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O grupo também enfatiza que a carta, além de um manifesto, é um “chamado à ação”, pois destaca que nos últimos anos o cinema negro tem tido sucesso expressivo no Brasil, em exibições em festivais, cineclubes e plataformas de streaming. 

“Todas essas iniciativas refletem um movimento de resistência e afirmação”, expressa o comunicado. “No entanto, esse crescimento ainda enfrenta muitas barreiras, que só podem ser superadas com o apoio de políticas públicas que garantam a presença e permanência de profissionais negros na indústria audiovisual”, pontua a organização. 

Como exemplos de ações afirmativas a serem observadas no campo do audiovisual, o manifesto destaca os programas “Pontos/Pontões de Cultura” e os “Arranjos Regionais”. As iniciativas, segundo a associação, contribuem não apenas para o surgimento de novos artistas, como também fortalecem o emprego e a renda do setor

A entidade ainda reforça que, entre  2016 e 2022, houve um recuo no crescimento do setor, em função da descontinuidade ou arrefecimento de políticas públicas ao nível federal e por conta da pandemia, o que impactou negativamente a curva ascendente da presença de pessoas negras na dinâmica criativa e econômica do audiovisual. 

“Trabalhadores da Cultura, incluindo do 10 audiovisual, foram terrivelmente afetados. Isso nos reforçou a necessidade de posicionamentos firmes para resistência e proposição no setor, e evidenciou o ainda fundamental papel das políticas públicas para a diminuição das desigualdades no Brasil”, afirma o manifesto.

Por outro lado, a recente implementação da Lei Paulo Gustavo e da Política Nacional Aldir Blanc em municípios nas cinco regiões do país foi determinante para o progresso da população negra no audiovisual. 

“Ambas são políticas de extrema capilaridade e com bons mecanismos para a criação de oportunidades para a diminuição das iniquidades no setor cultural, como as instruções normativas para a implementação de ações afirmativas e medidas de acessibilidade”, pontua a entidade.

“É fundamental que os Planos Municipais dialoguem com o Plano Nacional de Cultura e contemplem mecanismos que assegurem recursos contínuos para o audiovisual, garantindo não apenas a manutenção, mas a expansão das conquistas já alcançadas. Sem esse compromisso nos municípios, arriscamos retroceder em avanços cruciais para a presença negra no cinema brasileiro,” afirma Tatiana Carvalho Costa, presidente em exercício da APAN, em nota à imprensa.

O documento pode ser lido na íntegra aqui.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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