Uma pesquisa nacional intitulada “Meninos: Sonhando os Homens do Futuro”, realizada pelo Instituto PDH/PapodeHomem com apoio da Natura, revelou que cerca de 7 em cada 10 meninos negros, entre 13 e 17 anos, querem aprender a tratar meninas e mulheres com respeito, igualdade e sem violência.
Esse dado expressa um desejo genuíno desses adolescentes em se tornarem homens mais conscientes e revela também a necessidade de programas que promovam masculinidades saudáveis, especialmente entre os meninos negros. Ao todo, o projeto entrevistou mais de 2.500 jovens, incluindo 1.435 meninos negros, além de pais, mães e responsáveis.
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Outro dado relevante mostra que as meninas também querem que os meninos aprendam a lidar com as questões de gênero de forma mais consciente. Quando perguntadas se gostariam que os meninos fossem educados sobre o tratamento respeitoso e igualitário às mulheres, 96,8% das meninas respondentes, das 1.454 entrevistadas, responderam afirmativamente.
Medo de acusações e desejo por novas perspectivas
A pesquisa traz outros dados reveladores sobre as preocupações que rondam os meninos negros, especialmente relacionadas ao medo de acusações injustas de assédio. Cerca de 70% dos adolescentes negros entrevistados afirmaram sentir esse receio em alguma medida, um sentimento também presente entre os homens negros adultos, com 61,66% relatando a mesma apreensão. Em resposta, metade dos meninos negros (52,54%) manifestou interesse em aprender a paquerar sem ultrapassar os limites do respeito, em busca de uma socialização mais saudável.
Para o psicólogo Marlon Nascimento, que trabalha com jovens negros e periféricos, o medo dos meninos negros de serem acusados de assédio está relacionado às dinâmicas das relações étnico-raciais no Brasil e à falta de orientação sobre o tema.
“Esses dados mostram como a maioria dos meninos quer aprender a agir com respeito, igualdade e sem violência”, afirma. Ele acredita que a sociedade foca mais na punição do que em propor soluções, e que essa abordagem precisa ser reavaliada para que as dores dos meninos sejam acolhidas.
A importância de programas educativos
Nascimento defende que apontar erros sem oferecer alternativas práticas não é o suficiente. “Nossa sociedade foca muito mais em punição do que em proposição ou em entender de onde surgem essas dores e em acolher os meninos. Por isso, uma proposta como a do Programa Meninos do Futuro tem que ser valorizada”, conclui.