Nos últimos anos, o Brasil testemunhou um aumento no afroempreendedorismo, impulsionado por coletivos que agregam e capacitam empreendedores negros, fornecendo a estrutura necessária para o desenvolvimento de seus negócios. Esses grupos desempenham um papel essencial no fortalecimento e empoderamento de comunidades, criando oportunidades para o desenvolvimento socioeconômico de populações locais, muitas vezes carentes de alternativas profissionais.
O movimento Black Money é um dos responsáveis por esse crescimento, promovendo uma rede de apoio para empreendedores negros e estimulando a economia em áreas tradicionalmente marginalizadas.
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De acordo com a pesquisa “Afroempreendedorismo Brasil”, realizada pela RD Station, Inventivos e o Movimento Black Money, 40% dos adultos negros no Brasil desempenham atividades empreendedoras. Esse índice reflete a busca da população negra por independência financeira e melhores condições de vida. Contudo, o estudo também destaca que 59,2% desses empreendedores enfrentam dificuldades para tornar seus negócios financeiramente viáveis.
Um dos principais obstáculos mencionados é o acesso ao crédito, fundamental para impulsionar e estabilizar pequenos negócios. A contadora Cristiane Almeida, diretora da Brasis Contabilidade, explica que a formalização pode facilitar o acesso ao crédito e a incentivos fiscais.
“A formalização permite que produtos e serviços sejam vendidos com registros fiscais e financeiros, o que torna o relatório de apurações mais atrativo para bancos disponibilizarem crédito. No entanto, é preciso ter clareza de onde se quer chegar com a empresa, para que sejam traçadas metas adequadas e as operações estejam alinhadas ao objetivo de captação de recursos”, afirma Cristiane em comunicado à imprensa.
O processo de formalização demanda etapas específicas, especialmente em relação à estrutura societária do empreendimento. Para empresas com apenas um sócio ou mais de dois sócios, é necessária a análise de viabilidade do negócio, além da construção de um planejamento financeiro, operacional e tributário.
Em seguida, o registro deve ser feito junto à prefeitura, à Junta Comercial, ao Estado (em caso de venda de produtos) e à Receita Federal. Já associações e cooperativas precisam primeiro definir regimentos internos, elaborar estatutos e realizar uma assembleia de constituição, seguida dos registros necessários com acompanhamento profissional jurídico e contábil.
O acompanhamento contábil, segundo Cristiane, é vital para o crescimento planejado e sustentável dos negócios, pois fornece suporte estratégico e financeiro.
“A consultoria contábil contribui para a elaboração de um plano financeiro sólido, com projeções de receitas e despesas. Quando pequenos empreendedores visualizam suas projeções, entendem melhor o que os impede de alcançar o ponto de equilíbrio e quantificam os juros e multas acumulados. Isso possibilita que tomem medidas concretas para reverter a situação e garantam a continuidade do negócio, seja ele uma empresa, associação ou cooperativa”, conclui Cristiane.