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Aumento de pessoas negras no ensino superior reflete avanços das cotas, aponta estudo

Dados de 2019 mostram aumento da população negra no ensino superior, mas desigualdades de acesso ainda são evidentes, especialmente em cursos de áreas tecnológicas
Imagem de estudantes negros. Segundo dados do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), o aumento da presença de pessoas negras no ensino superior reflete a efetividade da política de cotas.

Foto: Reprodução/Freepik

13 de novembro de 2024

A presença de estudantes negros no ensino superior brasileiro tem mostrado avanços significativos nos últimos anos, com a proporção subindo de 10,7% em 2010 para 38,2% em 2019, de acordo com dados do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra). Embora a quantidade de negros ainda seja inferior a de brancos, que representavam 42,5% em 2019, esse crescimento reflete as políticas de inclusão, como as cotas, e as mudanças no cenário educacional do país.

Os dados, que serão disponibilizados a partir da próxima terça-feira (19) no site do Cedra, se baseiam no Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). As estatísticas apontam para um movimento de maior acesso ao ensino superior por parte da população negra, que, em 2010, era substancialmente menor nas universidades. 

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O levantamento revela, ainda, que o aumento do número de estudantes negros nas universidades públicas, particularmente de 2014 a 2019, pode ser atribuído à implementação das cotas, instituídas pela Lei nº 12.711/2012. Nesse período, a participação de pretos e pardos nas universidades públicas aumentou de 26% para 43%, superando os brancos, que representavam 40% das matrículas.

Na rede privada, no entanto, o cenário é diferente. Embora o número de negros tenha crescido de 20,8% para 36,8% entre 2014 e 2019, a proporção de brancos nas universidades particulares aumentou para 43,2%. Esses números destacam as disparidades ainda existentes no acesso à educação superior, com a população negra tendo menos espaço nas instituições privadas em comparação com as públicas.

A análise do Cedra também trouxe à tona um dado importante sobre a declaração de cor-raça, ferramenta essencial para dimensionar o impacto do racismo na educação e formular políticas públicas mais eficazes. Em 2010, 68,5% dos universitários não haviam declarado sua cor ou raça, um número que caiu para 17% em 2019, permitindo uma visão mais detalhada sobre o perfil dos estudantes no país.

No recorte de gênero, a pesquisa revela que as mulheres negras se destacaram na presença no ensino superior, representando 43,1% dos estudantes negros em 2019. Por outro lado, entre os homens, a diferença entre negros e brancos é mais equilibrada, com 41,8% de negros e 43% de brancos.

O estudo também aponta disparidades na aceitação de negros em determinadas áreas do conhecimento. As graduações nas áreas de Engenharia Civil, Elétrica e Mecatrônica, por exemplo, continuam com uma presença reduzida de negros, tanto nas universidades públicas quanto privadas, refletindo as barreiras de acesso a cursos de áreas tecnológicas, que exigem investimentos em infraestrutura e apoio acadêmico mais robusto.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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