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Movimentos sociais demandam Conferência do Clima popular no Brasil

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participaram de encontro com a sociedade civil durante a COP29, em Baku, no Azerbaijão
Hannan Balieiro, diretora executiva do Instituto Mapinguari, eLetícia Leobet, assessora internacional de Geledés Instituto da Mulher Negra, durante reunião da sociedade civil com o governo brasileiro na COP29, em Baku, no Azerbaijão, em 13 de novembro de 2024

Foto: Vinicius Martins/Alma Preta

13 de novembro de 2024

Baku – O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, participaram de encontro com a sociedade civil brasileira nesta quarta-feira (13) em Baku, Azerbaijão. O encontro ocorreu durante a programação da Conferência do Clima (COP29).

No diálogo, os movimentos sociais demandaram uma Conferência do Clima popular, com a presença de pessoas negras e das comunidades indígena e quilombola dentro da agenda oficial. 

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Participaram do encontro ativistas, pesquisadores, ambientalistas, movimentos sociais indígenas, de periferias, representantes da indústria, para além dos integrantes do governo brasileiro. Ao todo, cerca de 100 pessoas estiveram na reunião. 

O encontro se tornou uma tradição durante as COPs desde a reeleição de Lula, em 2022. Naquele ano, em Sharm-El-Sheik, Egito, ainda na condição de presidente eleito, Lula se encontrou com os movimentos sociais, assim como fez em 2023, em Dubai, nos Emirados Árabes.

O que apresentou a sociedade civil?

A ativista Letícia Leobet, assessora internacional de Geledés Instituto da Mulher Negra, demandou que o Brasil assuma o papel de capitanear o enfrentamento ao racismo e que traga isso para o texto final da conferência em Baku.

“Está sendo possível dialogar com a diplomacia brasileira e os nossos esforços estão concentrados na linguagem. Se a gente não é citado, é como se a gente não existisse”, afirmou.

Representante dos movimentos indígenas, Avanilson Carajá, coordenador-tesoureiro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, recordou o fato da COP30 ocorrer no Brasil e propôs que o evento tenha uma co-presidência, com a participação de uma indígena e que há uma urgência pelo fim dos combustíveis fósseis. 

“É impossível a gente falar de COP no Brasil sem falar dos povos indígenas. Nós não aceitamos que as negociações aconteçam sem os povos indígenas”, afirmou.

O que disseram os representantes do governo federal?

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, destacou o trabalho coordenado do governo federal para enfrentar as mudanças climáticas e o desmatamento. “É um trabalho permanente, sem uma bala de prata, com energias renováveis, limpeza da matriz energética, mobilidade verde para a indústria automotiva e recuperação da floresta”, declarou.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, conversam durante reunião com a sociedade civil na COP29, em Baku, no Azerbaijão, em 13 de novembro de 2024
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, conversam durante reunião com a sociedade civil na COP29, em Baku, no Azerbaijão, em 13 de novembro de 2024 (Vinicius Martins/Alma Preta)

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou os resultados do Brasil na diminuição do desmatamento da Amazônia, em 45%, no acumulado das reduções de 2022 e 2023, e do Cerrado, em 25%, com relação ao ano passado. Ela ainda enfatizou que as metas apresentadas pelo Brasil, de diminuir as emissões de gases estufa do Brasil entre 59% e 67% até 2035.

Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara deu ênfase para a retomada da demarcação das terras indígenas como uma forma de garantir a preservação do meio ambiente. “Dentre as medidas que o Brasil tem adotado, a gente conseguiu avançar na demarcação das terras indígenas. Nós já estamos avançando”, disse.

Por sua vez, o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, reforçou que os países desenvolvidos precisam acelerar a mudança da sua matriz energética e pagar pela diminuição do prejuízo dos países mais atingidos nos últimos dois anos. “Precisamos que os países que mais emitem paguem pela diminuição dos danos dos países que precisam se desenvolver. A COP30 tem que ter a participação de todos, juventude, negros, indígenas, trabalhadores rurais”. 

Errata: A reportagem primeiro colocou que houve uma redução de 45% no desmatamento da Amazônia em relação ao ano de 2023, mas os documentos oficiais do Brasil apresentados para a UNFCCC mostram que essa redução de 45% é um acumulado da diminuição do desmatamento de 2022 e 2023, na comparação com 2024.

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  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

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