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Acusada de vender agrotóxico adulterado, empresa apresentou agricultura regenerativa na Conferência do Clima

Syngenta é uma das patrocinadoras do estande da Indústria na COP29; empresa é acusada de vender agrotóxicos adulterados
Grazielle Parenti, vice-presidenta de sustentabilidade e assuntos corporativos da Syngenta Brasil durante painel no estande da Confederação Nacional da Indústria na COP29, Baku, 13 de novembro de 2024 (Reprodução/YouTube/Confederação Nacional da Indústria)

Foto: Reprodução/YouTube/Confederação Nacional da Indústria

16 de novembro de 2024

Baku – A Syngenta, empresa do setor de agrotóxicos, é uma das participantes da Conferência do Clima, em Baku, Azerbaijão. A companhia esteve na programação do pavilhão da indústria brasileira, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no dia 13 de novembro, quarta-feira.

Grazielle Parenti, vice-presidenta de sustentabilidade e assuntos corporativos da Syngenta Brasil, participou do debate “Como podemos potencializar e dar escala ao uso sustentável para a agricultura”. No sábado (16), a empresa participa do painel sobre “Produção agrícola sustentável e o mercado global: como as diferenças entre os climas impactam nas regulamentações locais”.

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Durante a apresentação de quarta-feira, Parenti destacou as práticas da empresa. “Hoje todo mundo fala de agricultura regenerativa. Eu costumo dizer que, se perguntar para dez pessoas o que é agricultura regenerativa, você vai ter dez respostas diferentes. A gente precisa entender o que é preciso para regenerar esse solo, para ele ser produtivo, para que ele tenha aptidão para as culturas”.

“Esse programa de recuperação de área degradada gera prosperidade e riqueza e você não precisa de novas áreas”, completou.

Estande da Confederação Nacional da Indútria na COP29 em área aberta ao público, Baku, 12 de novembro de 2024 (Pedro Borges/Alma Preta)

Parenti acredita que o mercado da agricultura regenerativa ainda pode crescer em escala nacional e internacional. “Como a gente expande para outros países? A gente tem uma oportunidade de construção de modelo de negócios no Brasil que pode ser adaptado para várias partes do mundo. Então como a gente integra o Brasil? Como a gente constrói protagonismo?”, afirmou.

A multinacional foi alvo de uma ação civil pública da Advocacia Geral da União (AGU) por “danos ambientais causados pelos produtos adulterados”, por “danos derivados da exposição ambiental indevida ao produto tóxico” e a “pagar indenização pelos danos morais coletivos”. 

Como forma de garantia, a AGU pediu à Justiça Federal de São Paulo o bloqueio de R$ 90 milhões, como garantia para futura reparação dos danos causados.

A ação se fundamenta em fiscalização feita pelo Ibama, que identificou a presença do conservante bronopol em níveis diferentes do aceitável pela legislação brasileira para a produção do agrotóxico Engeo Pleno. O bronopol também foi utilizado em produtos que não preveem o uso da substância.

Segundo o Ibama, 4,4 milhões de litros das substâncias foram vendidos, o que pode ter gerado cerca de R$ 400 milhões para os cofres da companhia.

Para além de participante no pavilhão da CNI, a Syngenta patrocina o estande da indústria na modalidade prata, ao lado de outras companhias.

Em nota, a CNI afirmou que a missão da instituição é “unir – cada vez mais -, o setor produtivo em uma agenda comum de descarbonização”. Por esse motivo, a CNI convida as empresas para participarem da programação e “reforça seu compromisso em apoiar e estimular ações de descarbonização para o cumprimento da meta nacional no âmbito do Acordo de Paris”.

Segue a nota da companhia:

No que se refere à COP 29, a Syngenta entende a relevância de sua participação como empresa líder no setor de tecnologias agrícolas e assume seu papel em prover inovação para a constante evolução da agricultura sustentável. As prioridades globais da companhia nesse sentido foram lançadas neste ano e podem ser acessadas aqui.

Acreditamos no alto potencial da agricultura para reduzir emissões e assumir um papel chave na recuperação de carbono. Durante a COP 29, nossos representantes terão a oportunidade de tratar sobre esse potencial, explorando cases como o nosso programa REVERTE®, desenvolvido com foco na recuperação de áreas degradadas para o resgate da produtividade sustentável, aplicando protocolos agronômicos específicos viabilizados por financiamentos de longo prazo. Vale reforçar que este programa tem inspirado governos e outras instituições tendo em vista os resultados alcançados e os benefícios comprovados para a agenda climática.

A Syngenta investe em pesquisa e desenvolvimento de soluções agrícolas inovadoras e baseadas em ciência. O uso de nossos produtos é regido por mandatos de órgãos reguladores em todo o mundo para garantir a máxima segurança para agricultores, consumidores e meio ambiente. Nossos produtos estão entre os mais regulamentados do mundo e são seguros quando utilizados de acordo com as especificidades indicadas em suas bulas e prescrições agronômicas. Além disso, desempenham papel essencial na produção de alimentos com qualidade, segurança e sustentabilidade.

No que se refere à ação movida pela AGU, a empresa apresentou ao juiz seus argumentos, bem como a comprovação da inexistência de qualquer tipo de risco ou dano ambiental decorrente da situação descrita.

  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

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