A literatura afro-brasileira ganha cada vez mais adeptos entre os leitores do país. Parte do recente destaque pode ser atribuído ao impulso dado por editoras independentes e antirracistas na inserção de conteúdos mais diversos nas prateleiras.
Explorar a questão racial a partir de narrativas oriundas da experiência de corpos negro no Brasil permite a ampliação o debate racial. Junto à necessária contribuição nas temáticas sociais pertinentes a comunidades negras, o gênero também é um terreno fértil para as ilimitadas cosmovisões que, baseadas na ancestralidade, são capazes de criar inúmeros universos que refletem a pluralidade afro-brasileira.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Para encerrar o ano celebrando o gênero literário, a Alma Preta selecionou cinco livros lançados por escritores negros em 2024. Confira:
1) “Você lembrará seus nomes: Antologia de poetas negras dos Estados Unidos do século XX”, Lubi Prates
O livro, lançado em janeiro, apresenta um panorama da produção poético-literária de mulheres negras estadunidenses no século 20. Na obra, a autora e jornalista Lubi Prates reúne textos de 19 poetas, traduzidos com a participação de um time de tradutoras exclusivamente negras.
2) “Querido estudante negro”, Bárbara Carine
A obra, também lançada no primeiro mês do ano, acompanha a troca de cartas entre dois alunos negros soteropolitanos, de diferentes realidades, em vivências do contexto escolar de uma pessoa não-branca. De autoria da professora baiana Bárbara Carine, o livro aborda questões relacionadas à construção da identidade na juventude e busca oferecer novas perspectivas das vivências de pessoas racializadas.
3) “Sopro dos deuses: Os ancestrais do amanhã”, Fábio Kabral
A obra de fantasia ancestral de Fábio Kabral, lançada pela editora Malê em abril, conta a história de Ainá e Kayin, dois jovens deuses guerreiros em meio a dissidências na hierarquia real e a busca dos próprios poderes. O universo é baseado na mitologia afro-brasileira dos orixás.
4) “Kairu-Edé – Guerreiro fantasma”, Dawiz Bagdeve
Lançado em agosto, a estreia do quadrinista soteropolitano Darwiz Bagdeve se passa em uma Salvador distópica e futurística, atingida por um tsunami. Num contexto de escassez pós-climática e dominação da tecnologia pela inteligência artificial, um menino negro encontra a saída na espiritualidade ancestral.
5) “Virgínia Mordida”, Jeovanna Vieira
No romance, publicado em abril, a jornalista Jeovanna Vieira narra as vivências sensíveis da personagem principal, presentes também no cotidiano de milhares de mulheres negras. O livro, que tem como tema central a violência doméstica, explora o contraste nos múltiplos espaços ocupados pela personagem ao vivenciar uma relação abusiva inter-racial.