Milhares de pessoas ocuparam a Marquês de Sapucaí, na capital fluminense, para acompanhar o segundo dia de ensaio técnico das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, no último sábado (1).
Sob calorosa recepção do público, a Estação Primeira de Mangueira, a Beija-Flor de Nilópolis e a Paraíso do Tuiuti apresentaram enredos que celebram personalidades da comunidade negra e de religiões de matriz africana.
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A noite de ensaios foi aberta pela Tuiuti, com uma apresentação em homenagem à história da primeira travesti do Brasil. “Quem tem Medo de Xica Manicongo?”, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos.
Com a participação da presidente da Associação Nacional de Trans e Transexuais (ANTRA), Bruna Benevides, a escola traz representações de Exu e da resistência LGBTQIAPN+.
“A Paraíso traz um enredo que fala de ancestralidade, de enfrentamento ao racismo, de encontros, de aquilombamento. Estamos aqui hoje pra fazer um esquenta daquilo que vamos apresentar no desfile oficial. As travestis estão aqui, a comunidade LGBTQIAPN+ está aqui, todas nós sempre estivemos aqui”, declarou Bruna, antes da agremiação entrar na Sapucaí.
Segunda a desfilar no ensaio, a Beija-Flor homenageou a trajetória de mestre Laíla, grande carnavalesco responsável pela conquista oito títulos da agremiação. A ocasião foi marcada pelo anúncio de aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor, sambista e intérprete da azul e branco de Nilópolis há 50 anos.
Mesmo com um problema técnico no carro de som ao longo do desfile de ensaio, a Beija-Flor caminhou ao som de “Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”, samba-enredo também se conecta com as expressões religiosas do candomblé.
A Estação Primeira de Mangueira encerrou a noite com “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”. A agremiação enfrentou problemas técnicos com o carro de som, mas seguiu o desfile com seu samba-enredo cantado à capela do início ao fim pela multidão presente.
O espetáculo que aborda as influências do povo bantu na constituição da negritude carioca, trouxe também um destaque que saúda o funk e o passinho, expressão artística comum das comunidades periféricas.