A Defensoria Pública da União (DPU) oficiou, nesta segunda-feira (10), o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), a Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRHE) e o Distrito de Irrigação do Baixo Acaraú (DIBAU) pelo corte no abastecimento hídrico de uma comunidade indígena.
O documento pede informações sobre a interrupção do fornecimento de água da Comunidade Indígena Tremembé de Queimadas, na cidade de Acaraú, região norte do estado cearense.
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Desde 2013, o território é oficialmente reconhecido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). O local abriga 80 famílias e está situado no Perímetro Irrigado do Baixo Acaraú, projeto de supervisão federal no Ceará, voltado para a agricultura.
Segundo comunicado da DPU, o DIBAU cobra uma dívida de R$ 2,4 milhões dos indígenas referente à infraestrutura existente na área. O órgão também alega indisponibilidade de recursos hídricos para justificar os cortes.
A Defensoria Pública da União acredita que a justificativa do órgão não possui fundamentos, já que a demanda hídrica utilizada pela comunidade representa uma fração mínima do Perímetro Público Irrigado (PPI), área delimitada pelo Estado para implantação de projetos de agricultura irrigada.
Para o Conselho Indígena de Queimadas (CITQ), a cobrança milionária deve ser direcionada à União, proprietária legal das terras.
A entidade reforça que a comunidade utilizava apenas a água fornecida exclusivamente para produção agrícola, uma vez que já possui o sistema de abastecimento doméstico.
De acordo com o conselho, o corte no fornecimento hídrico configura discriminação e retaliação contra os indígenas e reforça que o PPI, como um projeto público com financiamento estatal, deveria garantir o desenvolvimento socioeconômico da população local.