O Ministério do Esporte encaminhou à Casa Civil um pedido de alteração na Lei Geral do Esporte para condicionar o repasse de recursos federais a clubes, federações e confederações que adotem medidas efetivas contra o racismo. A proposta prevê a suspensão dos repasses para entidades que não apresentarem ações concretas de combate à discriminação racial.
O ministro do Esporte, André Fufuca, detalhou a proposta durante um evento em Vitória (ES), na última quarta-feira (12). Ele destacou que a medida busca responsabilizar as entidades esportivas e exigir um posicionamento mais firme contra o racismo.
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“Todos aqueles clubes, federações ou confederações que não tenham ações práticas contra o racismo terão o repasse de recursos federais suspenso. Essa é uma medida firme e necessária para combater uma prática que já deveria ter sido abolida há muito tempo”, afirmou Fufuca.
A iniciativa do Ministério foi motivada pelo episódio de racismo contra o jogador Luighi, do Palmeiras, durante a partida contra o Cerro Porteño pela Libertadores Sub-20. O atleta foi alvo de gestos racistas feitos por torcedores do time paraguaio, que imitaram sons de macaco e cuspiram nele. Após o ocorrido, o jogador chorou no banco de reservas e desabafou na saída de campo, cobrando um posicionamento mais rígido das autoridades.
A punição da Conmebol ao Cerro Porteño foi considerada branda: multa de 50 mil dólares (cerca de R$ 288 mil) e jogos com portões fechados, decisão passível de recurso. A indignação com a falta de rigor nas punições mobilizou clubes brasileiros, que pressionam por mudanças estruturais no enfrentamento ao racismo no futebol.
Pressão por medidas concretas contra o racismo no futebol
O Ministério do Esporte já havia se manifestado oficialmente sobre o caso, cobrando investigações mais rigorosas e punições exemplares. Agora, busca garantir que os clubes e entidades esportivas assumam um compromisso efetivo contra o racismo.
Clubes brasileiros também se mobilizam para endurecer as regras contra a discriminação racial nos estádios. O Palmeiras enviou uma carta à FIFA pedindo que a entidade máxima do futebol mundial implemente punições mais severas, incluindo multas de até 500 mil dólares (cerca de R$ 2,9 milhões) e eliminação de competições em casos de reincidência.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) marcou uma reunião com dirigentes de clubes e federações para discutir novas ações. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, se comprometeu a levar o debate ao Conselho da Conmebol e reforçar a necessidade de penalizações mais rigorosas para clubes e torcedores envolvidos em casos de racismo.
Se a alteração na Lei Geral do Esporte for aprovada, clubes, federações e confederações precisarão comprovar medidas concretas contra o racismo para continuar recebendo recursos públicos. A solicitação será analisada pela Casa Civil.