Escritores e escritoras, poetas, slammers e demais artistas da palavra participam da 2ª Festa Literária Noroeste (FLINO), que ocorre de 29 de novembro a 5 de dezembro na cidade de São Paulo. Com o mote ‘CHÃO: sob o que penso, piso e sou’, o objetivo dessa edição é evidenciar as potências encontradas nas periferias como lugar pulsante de literatura, arte e cultura.
Durante os sete dias do evento, a maior parte das atrações acontecem em transmissões virtuais por meio do Youtube e Facebook da FLINO. Algumas oficinas e atrações vão ocorrer nas bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura da região noroeste da capital paulista e também nos Centros Educacionais Unificados (CEUs).
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O homenageado da FLINO 2021 é o geógrafo Milton Santos, considerado um dos maiores intelectuais negros do século 20 e uma referência nas reflexões sobre território e mundos possíveis surgidos a partir das periferias.
“O objetivo da festa é fortalecer a cena cultural e literária dos bairros da região, assim como ampliar a articulação e parceria entre as bibliotecas, equipamentos públicos, coletivos de cultura e comunidades do território”, aponta Sandro Coelho, bibliotecário da Biblioteca Brito Broca, que também integra a FLINO.
A Festa Literária Noroeste é organizada de maneira colaborativa entre artistas independentes, coletivos, articuladores culturais e representantes de movimentos sociais, juntamente a trabalhadores de equipamentos públicos locais, que buscam estimular e dar visibilidade à cena literária periférica da região noroeste da cidade de São Paulo.
“Outro objetivo, ainda, é reforçar a importância dos movimentos negro, indígena, de mulheres, LGBTQIA+ e PCD, por meio de uma programação que reflita os diferentes aspectos do território noroeste”, destaca Sandro.
Programação multicultural
Com uma programação diversa e multicultural, a festa terá mais de 25 atrações entre transmissões ao vivo e atividades presenciais. Haverá contação de histórias, intervenções poéticas individuais, espetáculos de teatro, exibição de documentário, música e performances, além de oficinas, rodas de conversa sobre literatura, território e temas ligados às questões étnico-raciais. Também haverá uma feira virtual de livros de autores independentes da região.
A abertura acontece nesta segunda (29), às 20h, com a roda de conversa ‘O Chão contra o Cifrão’, também título de um artigo escrito por Milton Santos, em 1999, sobre as territorialidades brasileiras.
Além de marcar o início da festa, a mesa homenageia o geógrafo com uma conversa entre o professor Billy Malachias, do núcleo de Apoio à Pesquisa e Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro da USP, e Anthony Veríssimo, graduando em Direito, escritor e membro dos Guardiões da Floresta. A mediação é da professora de geografia da rede municipal de Perus, Rosângela André.
Homenageado Milton Santos
Milton Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, na Bahia, em 3 de maio de 1926, e é considerado um dos mais importantes geógrafos brasileiros. Aos 13 anos, lecionava matemática e, aos 18, ingressou em Direito na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ele também desenvolveu atividades jornalísticas em Ilhéus (BA) e lecionou Geografia Humana na Universidade Católica de Salvador, entre 1956 e 1960.
Em 1961, o geógrafo se tornou professor da UFBA e, em 1997, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP). Ele foi um dos maiores expoentes da renovação da geografia no Brasil nos anos de 1970 e um dos grandes pensadores sobre a temática da globalização. Milton também venceu o prêmio Vautrin Lud em 1994, o equivalente ao Nobel da Geografia. O intelectual morreu em 2001, em São Paulo.
Serviço
A FLINO acontece de 29 de novembro a 5 de dezembro. A programação completa do evento e o formulário de inscrições para as oficinas já foram disponibilizados nas redes sociais da festa literária.
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