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Babá negra pula de prédio para escapar de agressões e cárcere

Agressões começaram depois que a vítima informou que iria procurar outro emprego; Babá se jogou do terceiro andar de um prédio de classe média alta

Texto: Redação | Foto: Reprodução/Vídeo

Para fugir de agressões e cárcere, babá se joga de prédio

26 de agosto de 2021

Uma mulher negra que trabalha como babá pulou do terceiro andar de um prédio, em Salvador, para escapar das agressões que vinha sofrendo por parte de sua empregadora. O caso aconteceu na quarta-feira (25) e, segundo a cuidadora de criança, identificada como Raiana Ribeiro, de 25 anos, a patroa também a mantinha em cárcere privado.

Raiana, que é da cidade de Itanagra, na região Metropolitana de Salvador, aceitou a oportunidade de emprego em um site de vendas e logo se mudou para Salvador para trabalhar no prédio localizado no Imbuí, bairro de classe média alta da capital baiana.

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A jovem começou a trabalhar na última quinta-feira (19) e, no sábado (21), informou à empregadora que iria procurar outro emprego. Segundo a vítima, que cuidava de três crianças, a patroa começou a agredi-la e a trancou dentro de um banheiro, local por onde ela saiu pela janela e se jogou.

Em áudio enviado a familiares, Raiana chegou a pedir socorro. “Oh, meu Deus, chama a polícia. Eu estou sendo agredida aqui. Estou sendo agredida aqui, nega, no trabalho, no Imbuí. Chama a polícia, chama a polícia, por favor, por favor”, pediu a jovem, que teve o celular pego pela patroa.

Após a queda, Raiana foi socorrida por moradores e foi encaminhada para o Hospital Geral do Estado (HGE). Ela sofreu uma fratura no pé e recebeu alta médica ainda na quarta-feira (25). O quadro de saúde dela é estável.

Em nota enviada à Alma Preta, a Polícia Civil informou que a agressora, que não foi identificada, foi intimada e vai prestar depoimento nesta quinta-feira (26). Como a apuração do caso, imagens de câmeras de segurança do prédio também serão solicitadas. O caso é investigado pela 9ª Delegacia Territorial da Boca do Rio.

Após o caso, o Sindicato das Domésticas da Bahia informou que acionou a Superintendência Regional do Trabalho. “Não é permissível mais, em uma época dessa, acontecer essas violências. Têm aparecido muito, durante a pandemia, casos de trabalhadoras que são obrigadas a ficarem confinadas no local de trabalho […] Além de pagar os direitos dessa trabalhadora, ela [a patroa] precisa ser punida porque isso também é racismo e preconceito contra essa classe de trabalhadoras”, disse Creuza Maria, presidenta do sindicato.

Relato de agressões

Segundo Raiana, as agressões tiveram início na terça-feira (24), depois que ela informou que iria deixar o emprego na quarta (25). A vítima também detalhou que a patroa batia nela, puxava o cabelo e chegou a mordê-la.

“Ia fazer oito dias hoje [que estava trabalhando lá], mas a agressão começou na terça-feira. Começou porque eu falei para ela que não dava mais para mim, que eu ia sair na quarta-feira. Aí ela falou: ‘Vou te mostrar, vagabunda, se você sai’. E aí começou a me agredir”, relatou em entrevista ao programa local Jornal da Manhã.

A vítima também contou que tinha conseguido uma oportunidade de emprego melhor e queria “agarrar a oportunidade”.

“Ela me trancou no banheiro ontem pela manhã, e foi quando veio o desespero de fugir de alguma forma”, disse a vítima, que completou “Quando eu vi o basculante do banheiro, aí eu tentei sair. Achava que alcançava a outra janela, mas não alcancei e me soltei. Fiquei pendurada em um ‘degrauzinho’ onde estende roupa, mas não alcancei a outra janela, me soltei e caí”.

Raiana também contou que a patroa não deixava ela se alimentar direito. “Desde terça-feira que eu não comia nem bebia água. Vim comer alguma coisa quando cheguei aqui, ontem de noite”.

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