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ONG desenvolve mulheres negras para cargos no mercado de tecnologia e IA

Projeto criado pela Fly Educação já gerou R$ 5 milhões em renda anual para mulheres em situação de vulnerabilidade social
Imagem mostra uma mulher negra, de cabelo cacheado, usando um notebook cinza.

ONG desenvolve mulheres negras para cargos no mercado de tecnologia e IA

— Roberto Hund/Pexels

28 de dezembro de 2024

A presença de mulheres negras no setor de tecnologia cresceu 14,9% entre 2022 e 2023, com a contratação de mais de 135 mil profissionais com esse perfil na área, de acordo com dados da Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais.

Ainda assim, pessoas negras ainda são minoria entre as lideranças do setor. É o que aponta o Panorama da Liderança Tech no Brasil 2023/2024, da Strides Tech Community.

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Com iniciativa pioneira na América Latina, a Fly Educação, ONG que capacita pessoas em vulnerabilidade social com ferramentas de inteligência socioemocional, tecnologia social e empreendedorismo, desenvolveu a primeira turma dedicada a mulheres negras com capacitação em Gestão Tech e Inteligência Artificial (IA).  

A ideia nasceu da própria experiência de Alejandra Yacovodonato, fundadora e diretora executiva da Fly Educação, que, ao buscar por uma profissional negra atuante da área de Tech Lead, não a encontrou no mercado. “Essa ausência de mulheres negras nas áreas de inovação tecnológica é um reflexo da desigualdade”, afirma.

“Quando falamos em acesso à IA, cerca de 90% das patentes relacionadas a essa área estão concentradas nos EUA e China. Democratizar o acesso a essa tecnologia, bem como preparar mulheres negras para estarem nessa frente enquanto liderança significa garantir que elas tenham acesso aos seus benefícios e oportunidades”. 

A primeira turma do “Mulheres in Tech versão Pretas: IA & Gestão”, composta por cerca de 30 alunas, foi formada em outubro e contou com o apoio da edtech Alura, maior ecossistema de educação em tecnologia, e do Instituto Syn, área social do Grupo SYN, que promove projetos e ações de responsabilidade social focados em quatro pilares de atuação: Empregabilidade, Empreendedorismo, Relacionamento & Cultura, e Voluntariado.  

Por e para pessoas negras

O curso teve como diferencial a presença de mulheres negras em todas as etapas – professoras, mentoras e palestrantes convidadas.

Formada em jornalismo e mestre em Relações Étnico Raciais, a carioca Beatriz Carvalho, de 31 anos, se define como apaixonada por desafios. Atualmente, ocupa cargo de gestão na área comercial e viu no curso da Fly a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos.

“Não planejava atuar como gestora, nem estar fora da minha área de formação, ainda assim, tenho extraído ensinamentos dessa experiência. É impossível negar que na prática as coisas são diferentes, tendo que driblar assédios e outras violências. No entanto, com as ferramentas socioemocionais me sinto mais apta a perseverar”, conta.

Tânia Coimbra, carioca de 46 anos e mãe de três filhas, é formada em Logística Empresarial, e atualmente lidera a área financeira de uma empresa. No último aniversário, em meio a tantas adversidades, pediu por mais oportunidade e a ganhou por meio do Mulheres in Tech.

“Defino o desenvolvimento das habilidades socioemocionais em uma palavra: ‘perfeito’. Nas aulas me senti fortalecida e estimulada a continuar. Dificuldades reais foram divididas, gerando grande pertencimento. Vejo como esse conhecimento atua como divisor de águas e me permitiu lidar com as situações de forma mais inteligente emocionalmente”, compartilhou.

Com cerca de 10 anos de atuação, a Fly Educação já impactou 300 mil pessoas indiretamente, sendo 8 mil diretamente, por meio de mais de 200 projetos, dentre eles o Mulheres in Tech, que já atendeu mais de 16 turmas.

Segundo o censo Fly de Empregabilidade, o projeto gerou R$ 5 milhões em renda anual para mulheres em vulnerabilidade social, sendo que 54% das estudantes formadas pelo programa encontraram um trabalho na área da tecnologia após o curso.  

Além disso, nestes empregos, cerca de 77% das estudantes recebem de um a três salários mínimos (de R$ 1.412 a R$ 4.236), 14% recebem de três a quatro (R$ 4.236 a R$ 5.648), enquanto pouco mais de 2% entre cinco a sete salários mínimos (R$7.060 a R$ 9.884).

“Nosso objetivo é impactar diretamente a vida de mais de 10 mil jovens e mulheres, oferecendo programas personalizados de desenvolvimento de habilidades técnicas e socioemocionais”, estima Yacovodonato. 

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  • A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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