A Unifavela, cursinho pré-vestibular gratuito que atua no Complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, lança, em abril, a bolsa Carolina Maria de Jesus. O auxílio vai beneficiar estudantes com R$ 200, na tentativa de diminuir a evasão. O nome da bolsa é uma homenagem à escritora de “Quarto de Despejo”, negra e favelada, que se tornou uma das autoras mais relevantes do país. O cursinho é feito por estudantes que residem em favelas do Complexo.
A iniciativa surgiu depois de 80% dos alunos da Uni optarem pela saída da turma em razão da pandemia de Covid-19. Como as aulas passaram a ser em formato à distância, nem todos têm condições de custear internet e, por consequência, acompanhar com assiduidade os conteúdos.
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Uma das alunas beneficiadas será Patrícia Silva, de 43 anos, que reside na favela Amarelinho, Zona Norte carioca. A diarista, que sonha ser professora, é natural do Ceará, de família de analfabetos e agricultores e encontrou na Unifavela a chance de continuar os estudos e nutrir o sonho de ingressar no sistema público de ensino superior.
“São pessoas que querem fazer a diferença, mudar a vida do outro em todos os aspectos. Se todo mundo entrasse em um projeto igual a esse, eu acho que nosso Brasil teria pessoas com menos dificuldades, com mais acesso à educação e com uma vida transformada lá na frente”, diz a nordestina sobre o pré-vestibular.
Além de Patrícia, a expectativa é de que pelo menos outros quatro alunos, também já selecionados pela equipe, possam ser contemplados com a bolsa. Em uma das etapas de lançamento do auxílio, o cursinho vai distribuir mais de 70 livros de “Quarto de Despejo” entre moradores da Maré. As obras foram arrecadadas em campanha no Twitter.
O projeto
A Unifavela é um projeto socioeducativo coletivo e transversal, voltado para a troca de saberes, a construção de conhecimentos e apoio pedagógico para estudantes pré-universitários do Complexo de Favelas da Maré. A metodologia educacional de baseia nas premissas de ensino popular e no uso de métodos inovadores de ensino, prevendo uma construção de conhecimento contínua e agregadora para promover a inserção dos moradores da Maré em espaços acadêmicos.
Confitra também:
“Professora, quando eu crescer, quero ser Carolina Maria de Jesus!”