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Conflito no leste do Congo já matou mais de 7 mil pessoas, alerta primeira-ministra

Judith Suminwa Tuluka denuncia avanço do M23, acusa Ruanda de exploração mineral ilegal e alerta para risco de guerra regional
Membro da Cruz Vermelha Congolesa faz uma pausa enquanto outros carregam sacos com cadáveres durante um enterro em massa para vítimas dos confrontos no leste da República Democrática do Congo, no cemitério de Musigiko, em Bukavu, em 20 de fevereiro de 2025.

Membro da Cruz Vermelha Congolesa faz uma pausa enquanto outros carregam sacos com cadáveres durante um enterro em massa para vítimas dos confrontos no leste da República Democrática do Congo, no cemitério de Musigiko, em Bukavu, em 20 de fevereiro de 2025.

— Luis Tato/AFP

24 de fevereiro de 2025

A violência no leste da República Democrática do Congo (RDC) já deixou mais de 7 mil mortos desde janeiro, segundo a primeira-ministra Judith Suminwa Tuluka. O número inclui 2.500 corpos enterrados sem identificação e 1.500 ainda em necrotérios.

O avanço do grupo armado M23, apoiado por cerca de 4 mil soldados ruandeses, resultou na tomada das cidades de Goma e Bukavu, principais centros urbanos da região. Apenas em Goma, mais de 3 mil pessoas foram mortas.

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“A situação atingiu um nível alarmante”, disse Tuluka durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, nesta segunda-feira (24). A primeira-ministra afirmou que ainda não há um balanço detalhado das vítimas, mas destacou que “uma parte significativa dos mortos são civis”.

Temor de conflito regional no Congo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a situação como “um redemoinho mortal de violência e graves violações dos direitos humanos”.

“A soberania e integridade territorial da RDC devem ser respeitadas. Quanto mais cidades caírem, maior será o risco de uma guerra regional”, declarou.

A primeira-ministra reforçou que o conflito pode atingir os nove países vizinhos do Congo, pelo fluxo de refugiados e a proliferação de grupos armados na região. Tuluka se reuniu com Guterres para discutir como as resoluções da ONU podem ser implementadas e admitiu que uma possível intervenção dos Estados Unidos poderia ajudar.

Ruanda e exploração mineral ilegal

Tuluka acusou Ruanda de ocupar áreas ricas em minérios no leste do Congo, explorando ilegalmente recursos essenciais para a produção de baterias, celulares e computadores.

“Precisamos saber para quem Ruanda está revendendo esses minérios”, afirmou.

Em dezembro, a RDC entrou com ação judicial contra subsidiárias europeias da Apple, alegando que a gigante da tecnologia utiliza “minerais de sangue” extraídos ilegalmente de zonas de conflito. Tuluka cobrou explicações sobre como a empresa obtém minérios usados em seus produtos.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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