A violência no leste da República Democrática do Congo (RDC) já deixou mais de 7 mil mortos desde janeiro, segundo a primeira-ministra Judith Suminwa Tuluka. O número inclui 2.500 corpos enterrados sem identificação e 1.500 ainda em necrotérios.
O avanço do grupo armado M23, apoiado por cerca de 4 mil soldados ruandeses, resultou na tomada das cidades de Goma e Bukavu, principais centros urbanos da região. Apenas em Goma, mais de 3 mil pessoas foram mortas.
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“A situação atingiu um nível alarmante”, disse Tuluka durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, nesta segunda-feira (24). A primeira-ministra afirmou que ainda não há um balanço detalhado das vítimas, mas destacou que “uma parte significativa dos mortos são civis”.
Temor de conflito regional no Congo
O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a situação como “um redemoinho mortal de violência e graves violações dos direitos humanos”.
“A soberania e integridade territorial da RDC devem ser respeitadas. Quanto mais cidades caírem, maior será o risco de uma guerra regional”, declarou.
A primeira-ministra reforçou que o conflito pode atingir os nove países vizinhos do Congo, pelo fluxo de refugiados e a proliferação de grupos armados na região. Tuluka se reuniu com Guterres para discutir como as resoluções da ONU podem ser implementadas e admitiu que uma possível intervenção dos Estados Unidos poderia ajudar.
Ruanda e exploração mineral ilegal
Tuluka acusou Ruanda de ocupar áreas ricas em minérios no leste do Congo, explorando ilegalmente recursos essenciais para a produção de baterias, celulares e computadores.
“Precisamos saber para quem Ruanda está revendendo esses minérios”, afirmou.
Em dezembro, a RDC entrou com ação judicial contra subsidiárias europeias da Apple, alegando que a gigante da tecnologia utiliza “minerais de sangue” extraídos ilegalmente de zonas de conflito. Tuluka cobrou explicações sobre como a empresa obtém minérios usados em seus produtos.