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Congelamento de ajuda dos EUA paralisa programas de saúde e gera pânico em países africanos

Decisão de Donald Trump interrompe pesquisas, tratamentos para HIV e ameaça vidas em países dependentes do auxílio
Uma mãe recebe medicamentos anti-retrovirais (ARV), em 2012, no Hospital Chris Hani Baragwanath, o maior hospital público da África do Sul, em Soweto. A África do Sul é um dos maiores beneficiários de fundos do programa de resposta ao VIH/SIDA dos EUA, denominado PEPFAR, um projecto lançado em 2003 e agora interrompido pelo congelamento do financiamento em programas de saúde.

Uma mãe recebe medicamentos anti-retrovirais (ARV), em 2012, no Hospital Chris Hani Baragwanath, o maior hospital público da África do Sul, em Soweto. A África do Sul é um dos maiores beneficiários de fundos do programa de resposta ao VIH/SIDA dos EUA, denominado PEPFAR, um projecto lançado em 2003 e agora interrompido pelo congelamento do financiamento em programas de saúde.

— Alexander Joe/AFP

5 de fevereiro de 2025

A decisão do presidente dos Estados Unidos Donald Trump de congelar a assistência externa deixou os profissionais de saúde de países da África preocupados com os impactos em programas de combate ao HIV e a doenças como tuberculose.

A medida inclui uma suspensão de 90 dias nas atividades do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da AIDS (PEPFAR), responsável pelo atendimento de mais de 20 milhões de pacientes com HIV e pelo suporte a 270 mil profissionais de saúde no continente africano.

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Entre os programas interrompidos, está o MOSAIC (Maximizing Options to Advance Informed Choice for HIV Prevention), que testa novos medicamentos e vacinas contra o HIV. Pacientes que participavam dos estudos agora enfrentam graves riscos de saúde, pois os tratamentos experimentais foram interrompidos sem aviso prévio.

Segundo estimativas da Fundação para a Pesquisa da AIDS (amfAR, na sigla em inglês), a suspensão di plano pode resultar na transmissão do HIV para cerca de 136 mil bebês cujas mães recebiam tratamento antirretroviral.

Impactos na saúde pública

A interrupção dos repasses também afetou outros programas essenciais, incluindo iniciativas contra tuberculose, cólera e desnutrição infantil. Um funcionário de um programa financiado pela USAID no Quênia descreveu a decisão de Trump como um “bombardeio”, deixando comunidades inteiras sem assistência médica.

“Teremos mais pessoas sucumbindo a doenças como tuberculose e cólera”, afirmou, segundo a Agence France-Press. Organizações que dependiam dos recursos agora não conseguem pagar salários ou manter suas operações, resultando em demissões em massa e na paralisação de projetos vitais.

Nos escritórios da USAID em Adis Abeba, Etiópia, funcionários foram vistos esvaziando suas mesas, o que confirma o impacto imediato da medida.

Confusão sobre isenções e impacto a longo prazo

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, nomeado chefe interino da USAID, garantiu que tratamentos considerados “essenciais para salvar vidas” seriam isentos da suspensão. No entanto, trabalhadores humanitários alertam que a falta de clareza sobre quais programas permanecem ativos está gerando caos e desinformação.

Além dos impactos imediatos na saúde pública, a forma abrupta como a decisão foi implementada gerou indignação entre especialistas e trabalhadores humanitários. Aghan Daniel, líder de um grupo de jornalistas científicos no Quênia financiado pela USAID, criticou a falta de planejamento.


O congelamento dos recursos acontece em meio a ataques do bilionário Elon Musk à USAID, afirmando que deseja colocar a agência “no triturador de madeira”, em referência a cortes massivos nos financiamentos humanitários.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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