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M23 toma controle de cidade estratégica no Congo em meio a negociações por cessar-fogo

Enquanto líderes da RD Congo e Ruanda discutem trégua, rebeldes capturam Walikale, importante centro de mineração no leste do país
Soldado do grupo M23 nas minas de Coltan em Rubaya, em 5 de março de 2025.

Soldado do grupo M23 nas minas de Coltan em Rubaya, em 5 de março de 2025.

— Camille Laffont/AFP

20 de março de 2025

O grupo armado Movimento 23 de março (M23), apoiado por Ruanda, tomou o controle da cidade de Walikale, um importante centro de mineração na República Democrática do Congo (RDC), segundo fontes locais. A captura ocorreu na noite de quarta-feira (19), apenas dois dias após as negociações por um cessar-fogo entre os presidentes congolês, Félix Tshisekedi, e ruandês, Paul Kagame, realizadas no Catar.

A captura de Walikale, cidade com cerca de 60 mil habitantes, marca a maior incursão do M23 no Congo desde sua criação, em 2012. A ofensiva levou as tropas do Exército da RDC (FARDC) a recuarem para Mubi, cerca de 30 quilômetros da cidade. Segundo  militares, houve combates na região nesta quinta-feira (20).

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A ocupação também impactou o setor mineral. A empresa Alphamin, responsável pela terceira maior mina de estanho do mundo, evacuou funcionários e interrompeu suas operações no distrito de Walikale. O fechamento da mina de Bisie, produtora do minério cassiterita, elevou os preços do estanho e gerou preocupação sobre o fornecimento global do metal, essencial para a fabricação de componentes eletrônicos. A região também abriga diversas minas de ouro.

Moradores relataram a presença de combatentes armados nos bairros da cidade. Uma base da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) ficou entre os tiroteios, mas não houve feridos. No entanto, há preocupação com o aumento do número de feridos nos próximos dias.

Negociações de cessar-fogo e impasses diplomáticos

Na terça-feira (18), Tshisekedi e Kagame participaram de uma reunião em Doha, no Catar, mediada pelo emir Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani. No encontro, os líderes reafirmaram apoio a um cessar-fogo imediato e incondicional. No entanto, os detalhes sobre a implementação do acordo não foram divulgados.

O sucesso do cessar-fogo depende da adesão do M23, que até o momento não participou das negociações. O encontro entre os presidentes ocorreu após o cancelamento das negociações diretas entre o governo congolês e o M23, que estavam previstas para acontecer na capital angolana, Luanda.

O último diálogo formal entre Kinshasa e o M23 aconteceu em 2013. Desde então, diversos acordos foram violados, e a insurgência tem se intensificado, elevando o risco de um conflito regional mais amplo.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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