PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Ministro da Justiça do Congo é investigado por desvio de fundos para vítimas de guerra

Constant Mutamba, acusado de irregularidades em contrato de US$ 40 milhões, nega corrupção e atribui denúncias a "campanha de difamação"
O Ministro da Justiça da República Democrática do Congo, Constant Mutamba, observa a sentença dos réus acusados ​​de pertencer ao grupo rebelde M23 na prisão de Ndolo, em Kinshasa, em 8 de agosto de 2024.

O Ministro da Justiça da República Democrática do Congo, Constant Mutamba, observa a sentença dos réus acusados ​​de pertencer ao grupo rebelde M23 na prisão de Ndolo, em Kinshasa, em 8 de agosto de 2024.

— Hardy_Bope/AFP

30 de maio de 2025

A Assembleia Nacional da República Democrática do Congo (RDC) aprovou em votação nesta quinta-feira (29) a abertura de uma investigação contra o ministro da Justiça, Constant Mutamba. Ele é acusado de envolvimento em um esquema de desvio de quase US$ 20 milhões (aproximadamente R$ 113 milhões na cotação atual) provenientes de um fundo para indenizar vítimas da guerra entre os exércitos de Uganda e Ruanda no ano 2000.

A votação marca a primeira etapa formal de um possível processo judicial. Caso o inquérito produza provas suficientes, será necessária uma nova deliberação do Parlamento para suspender a imunidade parlamentar do ministro e permitir seu julgamento.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

O pedido de investigação foi feito pelo procurador da Corte de Cassação, Firmin Mvonde, no dia 21 de maio. Mvonde tem jurisdição sobre parlamentares em exercício e indicou que o ministro violou normas de contratação pública ao conceder um contrato de quase US$ 40 milhões a uma empresa recém-criada e sem capacidade técnica comprovada.

Acusações e defesa de Constant Mutamba

Mutamba é acusado de liberar metade do valor do contrato, cerca de US$ 20 milhões, sem aprovação do primeiro-ministro. O recurso utilizado foi parte do fundo pago por Uganda como compensação pelas vítimas congolesas da guerra de 2000. O montante deveria ser exclusivamente destinado a ações reparatórias.

A empresa beneficiada pelo contrato, a Zion Construction SARL, foi fundada em março de 2024 e, segundo a acusação, não possui equipe qualificada nem estrutura administrativa adequada. Apenas um sócio ativo foi declarado à autoridade fiscal do país.

Em defesa, Mutamba reconheceu “erros” na condução do processo, mas negou ter cometido corrupção. Ele acusou o procurador Firmin Mvonde de liderar uma “máfia” com o objetivo de humilhá-lo publicamente. Em vídeo publicado no TikTok, o ministro afirmou que a ofensiva jurídica busca impedir sua suposta investigação contra o ex-presidente Joseph Kabila, a quem acusa de traição por vínculos com o grupo armado M23, apoiado por Ruanda.

Antecedentes e contexto

Constant Mutamba assumiu o Ministério da Justiça em maio de 2024, após se eleger deputado em 2023. Desde então, ganhou notoriedade por declarações polêmicas, como a proposta de pena de morte para corruptos. Agora, ele se soma à longa lista de autoridades do Congo investigadas por corrupção, em um país que figura entre os mais corruptos do mundo, segundo a Transparência Internacional.

Durante a apresentação do relatório da comissão especial no plenário da Assembleia, foi informado que Mutamba pediu desculpas aos parlamentares durante o processo de apuração interna. Apesar disso, insiste que as denúncias contra ele são fruto de uma “campanha de desinformação” e de um “desfalque fictício e imaginário”.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano