Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado na quinta-feira (28), aponta que gangues e grupos paramilitares do Haiti são responsáveis por cerca de 1.554 mortes nos primeiros três meses do ano. Desde o assassinato do então presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021, o país vive uma crescente crise na política e na segurança pública.
De acordo com o relatório, o alto número de mortes acontece por linchamento, denominado como “brigadas de autodefesa”. Invasões à delegacia de polícia e ao aeroporto internacional também fizeram parte da onda de ataques no país.
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Segundo a ONU, “a corrupção, a impunidade e a má governança, agravadas pelos níveis crescentes de violência, levam as instituições do país à beira do colapso”.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou que “combater a insegurança deve ser uma prioridade máxima para proteger a população e prevenir mais sofrimento humano”
Pelo menos 1.436 pessoas sem envolvimento com gangues foram afetadas, sendo que 686 foram mortas, 371 feridas e 379 sequestradas entre janeiro e fevereiro de 2024.
O documento aponta que os assassinatos acontecem devido ao suposto apoio de civis à polícia ou a gangues rivais, ou em ruas que têm constantes conflitos e tiroteios. Em um caso, a vítima foi um bebê, atingido por um atirador de elite. O relatório destaca ainda que os grupos têm utilizado a violência sexual para castigar e controlar a população.
Desde o início do mês de março, a situação do Haiti ficou ainda mais violenta quando gangues se aliaram para atacar locais estratégicos da capital Porto Príncipe, exigindo a renúncia do então primeiro-ministro, Ariel Henry, que assumiu o cargo duas semanas após a morte de Moïse.
A crise política do país foi agravada depois que a Procuradoria-Geral haitiana denunciou Henry por participar do assassinato de Moïse. O então governante demitiu o autor da denúncia e adiou indefinidamente as eleições. Ele deixou o cargo em 11 de março.